1° SIMPÓSIO INTERNACIONAL POLI-NUTRI DE CARCINICULTURA Evento reúne representantes do setor em Fortaleza

Por: Jomar Carvalho Filho
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Leandro Bruzeguez, sócio diretor da Poli-Nutri
Leandro Bruzeguez, sócio diretor da Poli-Nutri

Um grupo de empresários e técnicos da carcinicultura brasileira esteve reunido no dia 19 de outubro, no Hotel Gran Marquise, em Fortaleza (CE), para participar do 1º Seminário Internacional Poli-Nutri de Carcinicultura. O evento, que contou a presença de 150 convidados da Poli-Nutri, teve como objetivo mostrar os avanços tecnológicos atualmente empregados nas fazendas de diversos países asiáticos. O tema principal foi apresentado por Farshad Shishehchian, pesquisador, fundador e presidente da Asian Aquicultural Network (AAN), uma entidade internacional que compartilha conhecimentos práticos e técnicos sobre assuntos relevantes para aquicultores de várias partes do mundo. Farshad Shishehchian é também presidente da Blue Aqua International, empresa detentora da patente do sistema mixotrófico para cultivar camarões. O especialista apresentou aos carcinicultores brasileiros os avanços e perspectivas das fazendas de camarão asiáticas, e apontou as tendências dos investimentos tecnológicos desse continente.

Para que os carcinicultores pudessem se inteirar do momento atual da economia do Brasil e dos principais mercados do mundo, a Poli-Nutri também convidou o economista e ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, para fazer uma análise da conjuntura nacional. Em sua palestra o economista fez projeções dos principais indicadores macroeconômicos e falou sobre as perspectivas econômicas e expectativas de crescimento do Brasil e do resto do mundo.

Entre os presentes estavam o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar de Paiva Rocha; o presidente da Associação dos Criadores de Camarão do Ceará, Cristiano Maia; o presidente da Associação Norte Rio-Grandense dos Criadores de Camarão, Newton Bacurau e, o presidente da Associação Cearense de Criadores de Camarão da Costa Negra, José Livino Sales.

Competitividade é a palavra chave

Ao saudar os convidados do seminário, em nome da Poli-Nutri, Leandro Bruzeguez, sócio diretor da empresa, destacou que a grande necessidade da indústria do camarão é marchar rumo a excelência de produção, a exemplo das demais indústrias. Para Bruzeguez, o principal desafio da carcinicultura no Brasil é se transformar numa atividade competitiva frente aos demais produtores mundiais, atingindo um nível de excelência hoje experimentado por outros setores brasileiros relacionados com a produção animal e vegetal. Para Bruzeguez, isso é condição necessária para a consolidação da atividade, e para isso a competitividade é a palavra chave. Lembrou que para buscarmos a excelência em produção de camarões, obrigatoriamente precisaremos atuar em várias frentes, tais como a genética – principal ferramenta para conquistar elevados níveis de produtividade – instalações, manejo, sanidade e nutrição. Bruzeguez destacou ainda a importância de um acompanhamento minucioso dos resultados zootécnicos e econômicos de cada viveiro. “A carcinicultura é uma atividade que depende de inovação e de novas tecnologias, portanto se torna absolutamente necessário que tenhamos certeza de que aquelas mudanças que introduzimos em nossa operação, realmente nos trazem as vantagens esperadas. E, as respostas a essa pergunta não podem ser obtidas se não com um acompanhamento minucioso. Sem isso, não teremos êxito em tornar a atividade competitiva e, principalmente, lucrativa”, afirmou Bruzeguez.

Falando para um público atento, o executivo da empresa frisou ainda que no ponto de vista nutricional o maior desafio ainda é a pouca produção científica voltada para a nutrição do camarão. “Isso torna mais difícil a definição precisa de requerimentos nutricionais, bem como o aproveitamento dos diversos ingredientes que temos disponíveis para formular uma dieta”. Disse ainda que ao fazer uma pesquisa no Google com os termos “nutrição de camarão”, encontrou apenas 40.100 registros, um número muito pequeno, se comparado com os 6,1 milhões de registros obtidos quando a busca foi “nutrição de suínos”. Fato que para ele, comprova a necessidade de se aumentar a produção da pesquisa para desenvolver a carcinicultura de forma mais competitiva. “Se considerarmos a nutrição de aves, suínos e bovinos como uma Ferrari, a nutrição de camarão ainda é um Gol 1.0 básico”, ilustrou.

Farshad Shishehchian, pesquisador, fundador e presidente da Asian Aquicultural Network
Farshad Shishehchian, pesquisador, fundador e presidente da Asian Aquicultural Network Farshad Shishehchian, pesquisador, fundador e presidente da Asian Aquicultural Network 

O sócio-diretor da Poli-Nutri acredita que ainda se tem muito a aprender e, por isso, sua empresa desenvolve pesquisas próprias e apoia trabalhos técnicos de pós-graduandos, com o objetivo, de desenvolver dietas que possuam alta digestibilidade e eficiência alimentar, e que sejam capazes de reduzir ao máximo o impacto ambiental provocado pela alimentação.

Sobre o fato da Poli-Nutri estar trazendo para o seu seminário um especialista estrangeiro, Bruzeguez fez questão de lembrar que não existe receita para a produção animal que possa ser copiada integralmente. “Cada país precisa desenvolver suas potencialidades e, mesmo tecnologias que funcionam bem em algumas situações não são as mais indicadas em outras. No entanto, precisamos considerar os casos de sucesso em nosso país, e devemos saber adaptar as tecnologias externas. A inovação tem que partir de nós, se quisermos chegar ao topo no quesito competitividade”.

Mailson da Nóbrega, economista e ex-ministro da Fazenda
Mailson da Nóbrega, economista e ex-ministro da Fazenda

O intuito da Poli-Nutri com a realização do evento foi o de proporcionar um momento de reflexão, disse Bruzeguez. “Temos que almejar um nível de excelência e competitividade na produção de camarões. Só assim não perderemos mais o sono com a possibilidade da nossa produção ser afetada com a entrada de outros competidores em nosso mercado. Ao atingirmos uma produção mais eficiente e com baixos custos, teremos a garantia para os investimentos que estamos fazendo, com a perspectiva de aumentarmos significativamente o consumo interno, pois já somos o nono país em tamanho de mercado, ou seja, temos uma grande oportunidade dentro do nosso próprio país”, finalizou.