Desde a última semana de junho, a Associação Brasileira das Indústrias de Processamento de Tilápia – AB-Tilápia, está de endereço novo na capital paulista. A mudança da sede, que funcionava na cidade de Ilhota, em Santa Catarina, para a cidade de São Paulo, faz parte da estratégia da associação para difundir a tilápia em todo o país, a partir da junção dos interesses dos criadores e da indústria, com o objetivo de ampliar o consumo da tilápia nos mercados interno e externo.
A AB-Tilápia reúne hoje 13 empresas processadoras, das quais nove possuem o SIF, duas o SIE e ainda duas outras em fase de implantação. O perfil completo das empresas que formam a AB-Tilápia ainda está sendo preparado, mas estima-se que as empresas, juntas, processem de 450 a 700 toneladas mensais de tilápias, das quais 70% destinadas a filetagem.
A inauguração do novo escritório da AB-Tilápia na capital paulista também coincide com o início do mandato do novo presidente da associação, Tito Lívio Capobianco Júnior, da Geneseas Aquacultura Ltda., localizada em Promissão, SP. Segundo o novo presidente, seu objetivo será o de continuar o trabalho de seu antecessor na consolidação da associação, para que tenha força e representatividade e possa lutar pelos interesses de seus associados. Entre esses interesses, Tito destaca a importância da divulgação do ótimo produto que é a tilápia para o mercado nacional, já que para o mercado internacional essa característica já está mais do que comprovada.
Mercado Externo
Atualmente, cinco empresas processadoras associadas da AB-Tilápia já exportam seus produtos. Para o atual presidente da AB-Tilápia, o mercado norte americano de filés frescos é o nicho de mercado em que o Brasil tem melhor condição de competir e se tornar um dos grandes players internacionais, como é o caso do Equador e da Costa Rica. Em 2004 o Brasil exportou 323 toneladas de filés frescos, somando um valor de US$ 1,49 milhões, ou cerca de 2% do valor total deste produto importado pelos EUA. Já em 2005, somente até abril último, o Brasil exportou 319 toneladas de filés frescos, que já somaram US$ 1,61 milhões, ou cerca de 4% do valor total importado deste produto no período, que foi de US$ 46 milhões. Segundo Tito Capobianco, “isso mostra o enorme potencial que temos para competir e ganhar espaço neste nicho de mercado, ainda mais se levarmos em conta que somos novos neste mercado, em comparação com outros países que já exportam filés frescos para os EUA há quase uma década”.
Já em relação à exportação de produtos congelados para o mercado americano, o presidente da AB-Tilápia acha que se trata de um nicho de mercado em que o Brasil é muito pouco competitivo e tende a ficar de fora, como já vem acontecendo nos últimos anos. Em 2003 o Brasil não chegou a exportar 30 toneladas de filés congelados, e em 2004 e 2005, não exportamos nada deste produto para os EUA. Da mesma forma, nenhum peixe inteiro congelado foi exportado de 2003 até hoje. Sobre o mercado Europeu, Tito Capobianco o considera ainda pequeno para a tilápia, em relação ao mercado americano. A Europa tem suas importações concentradas no peixe inteiro congelado, mas Tito acredita que o mercado europeu de filés frescos deverá crescer bastante e considera que o Brasil, junto com alguns países da África, poderá ser um dos possíveis fornecedores com maior potencial para atender tal demanda.
Desafios
Como em qualquer setor novo, que está dando seus primeiros passos (90% das indústrias processadoras de tilápia no Brasil têm menos de cinco anos de vida), as dificuldades são várias, com destaque para a falta de escala da cadeia como um todo. Sem escala, diz Tito, “tudo fica mais difícil: a matéria prima custa caro, pois o produtor não tem seus custos diluídos; o custo fixo da indústria fica alto, pois ela não processa o mínimo necessário para bancá-lo; os custos com fretes não se justificam, pois não se utiliza da capacidade total do frete em questão e, o investimento em novas tecnologias para criar subprodutos e aproveitar os resíduos fica inviável, pois o volume é pequeno.” É preciso, portanto, buscar o crescimento para atingir uma escala viável para nos tornarmos competitivos tanto no mercado internacional da tilápia, como no nacional, onde já competimos com outros peixes de qualidade inferior, mas com preços mais baixos, que atendem melhor as necessidades financeiras do brasileiro, arremata o presidente da AB-Tilápia.
AB-Tilápia – Associação Brasileira das Indústrias de Processamento de Tilápia – Rua Comendador Miguel Calfat, 128 – Sala 1302 – Vila Nova Conceição – 04537-080 – São Paulo – SP / Tel: (11) 3044-0787