Agropeixe é vendida para Axial que incrementará a produção de pintados

O pintado, um dos mais nobres peixes de água doce, vem sendo cultivado com sucesso na Região Centro-Oeste e deverá, nos próximos anos, abastecer regularmente os principais centros consumidores do País. Esse é o objetivo da Mar & Terra Ltda., empresa brasileira especializada no setor de produção e comercialização de pescados, localizada no município de Itaporã-MS, que acaba de adquirir a totalidade das cotas da Agropeixe.

A Mar & Terra, cujos investimentos e o gerenciamento de negócios está sob a responsabilidade da AxialPar – Axial Participações (leia-se Banco Axial), adotará técnicas de cultivo de baixo impacto ambiental, o que garantirá uma produção sustentável ao longo dos anos. Para isso, está investindo na modernização de sua fazenda, onde trabalhará com tanques de grande porte e baixa taxa de renovação de água. Segundo o diretor de projetos da AxialPar, Filipe Souza, além de produzir em escala industrial o pintado para o consumo, atendendo as necessidades do mercado quanto à qualidade, constância no fornecimento e preço, a Mar & Terra assume também um compromisso com o desenvolvimento sustentável, buscando a harmonia entre suas atividades, a sociedade e o meio ambiente.

Estão sendo investidos cerca de R$ 7,5 milhões no projeto de construção, modernização e custeio de produção da fazenda, na construção de um frigorífico e de uma fábrica de ração extrusada, além de capital de giro. A meta é implantar uma estrutura para a produção em escala industrial de peixes como alimento, criando um projeto de piscicultura integrado viabilizando, com estas três unidades, um pólo de piscicultura em Dourados. Ainda segundo Filipe Souza, a criação do pintado em sistemas controlados reduz consideravelmente a pressão sobre as espécies nativas. De início, a oferta no mercado desestimula a pesca predatória, e alguns dados indicam que 1.200 toneladas de peixes são levados, anualmente, do Pantanal mato-grossense, apesar da rígida fiscalização do IBAMA. A tecnologia de reprodução e a produção de alevinos, desenvolvidos por centros de excelência da região como o Projeto Pacu, permite o início de trabalhos na área de repovoamento ou reforço populacional de rios e lagos já degradados pela ação antrópica.

O planejamento da produção garantirá a regularidade do abastecimento, contemplando os aspectos ambientais, sociais, produtivos e comerciais. No final de todo o processo, o grande beneficiado é o consumidor, garante Souza, que espera que o frigorífico em construção venha a assimilar, quando em funcionamento, não somente os peixes produzidos na fazenda, como também os produzidos por piscicultores da região, que poderão vir a ser associados no projeto.

Atualmente a fazenda possui 10 hectares de tanques construídos para a engorda e a meta é atingir, até meados de 2003, uma área de lâmina d’água de 110 hectares. A localização da empresa, distante 230 km de Campo Grande, é estratégica, pois a região é uma grande produtora de grãos e subprodutos animais, além de apresentar excelentes condições de solos e relevo, grande potencial hídrico e boa malha viária.

Os estudos para o funcionamento de uma fábrica de ração mostraram que será possível uma redução de até 20% no custo do alimento para os pintados, já que usará insumos da região como soja, milho e sorgo, produtos e subprodutos da agroindústria estadual, como fécula de mandioca, farelo de soja, arroz e trigo, farinha de carne e ossos e farinha de vísceras de frango. A fábrica foi projetada para uma capacidade produtiva de 8 mil toneladas/ano, tanto de ração para peixes como para outras espécies de animais, que poderão ser comercializadas no Mato Grosso do Sul e em outros Estados. O projeto integrado de produção, frigorífico e fábrica de ração deve gerar 80 empregos diretos e 220 indiretos.