Por Itamar de Paiva Rocha – Presidente da MCR
Atentas aos novos tempos da carcinicultura brasileira, que aos poucos vai se liberando do imobilismo que a caracterizou na última década, as indústrias produtoras de rações começam a ensaiar os primeiros passos no sentido de atender as necessidades dos produtores de camarão, que ao intensificarem os seus cultivos, passaram a exigir uma dieta mais elaborada. Inclusive, a grande preocupação hoje é a preparação de uma dieta que leve em consideração tanto o aspecto quali-quantitativo da produtividade primária dos biótopos explorados, como as exigências nutricionais das espécies cultivadas. Com isso, caminha-se para uma maior racionalização do emprego de rações suplementares, levando-se em conta tanto o ponto de vista da conversão alimentar como o da ação impactante que as dietas não consumidas ou não metabolizadas causam nos viveiros.
Dessa maneira, os fabricantes de rações necessitam implementar com urgência, as suas próprias unidades demonstrativas ou no mínimo, terão que manter uma estreita relação com os carcinicultores, desenvolvendo um processo de cooperação mútua, objetivando o aprimoramento das suas dietas. Nesse sentido, o feed-back das diversas informações é essencial para a definição e elaboração de uma dieta alimentar apropriada.
Por outro lado, considera-se também de fundamental importância, que os fabricantes de rações, avaliem o potencial do setor, levando em consideração a situação atual da carcinicultura mundial, a presente demanda e as projeções futuras para o camarão cultivado, e por fim as condições gerais, envolvendo aspectos climáticos, ecológicos e infra-estruturais do Brasil.
Isso deverá servir de base para que as indústrias projetem seus investimentos na adequação e enquadramento de suas unidades industriais, com vistas a produção de uma ração com qualidade física e técnica, suficiente para induzir e ajudar este setor a consolidar o seu processo de desenvolvimento, tendo presente que o retorno financeiro será uma conseqüência de médio prazo.
Não podemos é continuar como estávamos, importando formulações de outros países, muitas vezes elaboradas para outras espécies. É preciso deixar de lado essa antiga polêmica onde de um lado ficam os industriais alegando não haver crescimento de demanda e do outro os produtores de camarão manifestando o desagrado com o baixo rendimento das dietas disponíveis. A realidade é que as rações não atendiam, nem física nem tecnicamente, as necessidades do sistema semi-intensivo, que certamente exige muito mais otimização, competência e profissionalismo dos diversos segmentos envolvidos com sua operacionalização. Temos que projetar os investimentos com horizontes de retorno a médio prazo, tendo presente o fato de que historicamente essa atividade, quando a ela se alinham todos os elementos de apoio, tem apresentado vertiginosos crescimentos, como foi o caso do Equador, Honduras, México, China, Tailândia, etc.