O velocista destaca a rapidez; o maratonista a resistência. A estratégia da Aquatec tem surtido o efeito desejado. Lançado no ano passado, o conceito tido inicialmente como ousado, por lançar duas linhagens com materiais genéticos focados em objetivos diferentes para a criação de camarões, dá sinais de que foi bem recebido. A participação da empresa este ano na Fenacam celebrou essa consolidação. De acordo com Ana Carolina Guerrelhas, sócia-proprietária da Aquatec, a empresa não levou uma novidade propriamente dita à feira, mas, sim, a consolidação da ideia de alinhar suas linhas de melhoramento para crescimento com suas linhas de melhoramento para resistência.
“Desde 1998, a Aquatec trabalha com linhas de melhoramento genético voltadas para crescimento. Essa linha sempre foi usada prioritariamente pelos produtores que fazem cultivos intensivos com foco no crescimento rápido. Acontece, porém, que a maior parte da indústria não está nesse estágio e ainda lida com os problemas das doenças, preferindo assim linhagens mais voltadas à resistência, só que fora de um programa genético formal. Pela primeira vez, o Brasil teve a oportunidade de um único laboratório reunir os dois produtos: um para condições estáveis e que demanda crescimentos rápidos e outro para as situações e ambientes mais desafiadores das doenças. De início, havia a preocupação de como o mercado iria aceitar a novidade, parecia que seria confuso. Mas o fato é que hoje a gente vende 60% do nosso produto da linha de crescimento e 40% da linha de resistência. É muito interessante porque o produtor chega hoje e fala: ‘Olha, eu vou entrar no inverno. Você acha melhor eu usar a linha de resistência ou a linha de crescimento?’ Então, o que a gente trouxe para feira hoje foi a consolidação da união desses dois produtos, não tem novidades propriamente dita, mas somente a consolidação dessa estratégia que a gente começou em 2017”, detalha.
Ana Carolina considerou a Fenacam deste ano foi bastante positiva para Aquatec. Segundo ela, já é possível perceber uma movimentação diferente, “mesmo de termos saído de um inverno rigoroso, que trouxe bastante prejuízo para muitas áreas de fazendas. Na feira, vi fornecedores que nunca tinham vindo, o que me chamou a atenção. Esse pessoal vem comprando pós-larvas de camarão nos últimos dois anos e fixando novos cultivos. A feira também trouxe, pelo menos para Aquatec, vários contatos e interesses em parcerias, como nós fizemos dois produtos, então agora já chega cliente dizendo: ‘escuta, será que a gente não poderia agora fazer uma larva adaptada para esta situação’, então ele te chama para uma parceria. Já os fornecedores de insumos para larvicultura chegam e falam: ‘escuta você acha que a gente podia puxar esse insumo para ajudar nessa etapa de cultivo’. Então eu vi como uma feira rica, com muita diversidade; nesse aspecto, inclusive, mais rica do que a do ano passado, e olha que eu não tive tanto tempo de sair do meu estande recebendo as pessoas. Percebo um movimento, não há ainda uma alegria no setor porque a gente enfrentou um inverno bastante rigoroso, mas eu percebo uma atitude assim de uma esperança que realmente as coisas estão mudando. Então, para mim, foi muito, muito positiva. Recebemos bastante gente e conseguimos fazer vendas efetivas”.
Assista abaixo ao vídeo com a entrevista exclusiva concedida para Ana Carolina Guerrelhas à Panorama da Aqüicultura.