Aqüicultura brasileira ganha dois novos laboratórios

A aqüicultura brasileira comemora a inauguração de dois grandes laboratórios: o Laboratório de Piscicultura da Embrapa Agropecuária Oeste, que tem como prioridade o desenvolvimento da piscicultura no Estado do Mato Grosso do Sul, e o Laboratório de Maricultura Sustentável – LAMARSU, em Pernambuco, que tem como objetivo desenvolver a ostreicultura na Região Nordeste. Ambos os laboratórios contaram com o apoio financeiro da SEAP/PR.

Como parte do Programa Integrado de Pesquisa em Aqüicultura, foi inaugurado em Dourados-MS, no dia 24 de março, o Laboratório de Piscicultura da Embrapa Agropecuária Oeste, o primeiro laboratório de pesquisa em piscicultura do Estado. A cerimônia de inauguração contou com presença do então ministro da SEAP/PR, José Fritsch. O laboratório integra o Núcleo de Pesquisa em Aqüicultura de Mato Grosso do Sul (Nupaq-MS), criado a partir de uma demanda da Câmara Setorial de Piscicultura do Estado.

A equipe de pesquisadores do novo laboratório concentrará seus esforços nos trabalhos de monitoramento, manejo e medidas de controle da qualidade da água, na alimentação adequada às espécies nativas, bem como na sanidade, diagnóstico e controle de doenças desses peixes. Dentro de cada uma dessas áreas serão definidos projetos e linhas de pesquisa próprias. A coordenação do laboratório de pesquisa em sanidade de peixe é da Embrapa Agropecuária Oeste, mas o Núcleo conta também com a parceria de 28 entidades de diversos segmentos ligados à aqüicultura, tais como outras instituições de pesquisa e ensino, piscicultores, indústrias de ração e frigoríficos. Em sua maioria, essas instituições possuem estruturas físicas que poderão ser disponibilizadas para auxiliar nos trabalhos de pesquisa.

Com uma área de 242 m2, o Laboratório de Piscicultura conta, além de 12 tanques, com equipamentos de microbiologia, análise de água e microscopia, que serão utilizados para exames parasitológicos e microbiológicos. De acordo com Márcia Ishikawa, pesquisadora responsável pelo laboratório, os estudos serão direcionados a partir das dúvidas e problemas trazidos pelos piscicultores, que poderão enviar amostras de animais vivos ou mortos para análises.

Para Mário Urchei, chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, o laboratório de piscicultura é a primeira etapa para a consolidação do Núcleo de Pesquisa em Aqüicultura. Urchei adiantou, que a equipe de pesquisa será reforçada com a contratação de mais dois técnicos para potencializar os trabalhos.
O Mato Grosso do Sul possui 535 piscicultores, tendo atingido, entre 2001 e 2002, a produção de 6.837 toneladas de peixe, principalmente pacu e pintado, com a utilização de 1.754 hectares de lâminas d’água. Atualmente, estima-se que essa área já tenha atingido 3 mil hectares. O estado contribui com 1,97% do pescado de água doce produzido no Brasil. Do total de pescados do Estado, a produção oriunda da piscicultura, representa 29,2%.

Pernambuco

O coordenador do Laboratório de Maricultura Sustentável da UFRPR, Prof. Alfredo Olivera Gálvez, diante das instalações do novo prédio
O coordenador do Laboratório de Maricultura Sustentável da UFRPR, Prof. Alfredo Olivera Gálvez, diante das instalações do novo prédio

O Laboratório de Maricultura Sustentável (LAMARSU) do Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE, inaugurado em maio, é voltado para a produção de sementes de ostra nativa. A idéia surgiu a partir de experiências em cultivos com comunidades pesqueiras tradicionais de Pernambuco, onde um dos principais entraves era a disponibilidade e a garantia de qualidade das sementes.

O sistema de produção de sementes do Laboratório de Maricultura Sustentável respeita as exigências para um bom manejo e sustentabilidade da atividade e tem um caráter inovador para a região, no que se refere a pesquisa e a cooperação com o setor produtivo. Seu funcionamento será uma ótima oportunidade para desenvolver e aperfeiçoar os sistemas fechados de cultivo, além de aprimorar as técnicas de manejo voltadas para a larvicultura de moluscos. Atrelado à produção, o LAMARSU está realizando um conjunto de ações para consolidar a atividade da malacocultura, sempre trabalhando em conjunto com as comunidades, respeitando as realidades locais, utilizando racionalmente os recursos naturais e adaptando as técnicas de engorda para as características das áreas de cultivo.

Em sua primeira fase de operação, o laboratório pretende produzir cerca de 20 milhões de sementes de ostra nativa por ano, mas possui capacidade instalada para produzir quatro vezes mais, a medida que for sendo necessário. Para diversificar a produção da região, também está no planejamento do LAMARSU, desenvolver pesquisas com outras espécies de moluscos de valor econômico na região, como o marisco e o sururu. A inauguração do LAMARSU coincide com a do novo prédio do Programa de Pós-graduação em Recursos Pesqueiros e Aqüicultura, que já vem funcionando desde 2001, contribuindo assim para o desenvolvimento da aqüicultura no Brasil, especialmente na Região Nordeste.