O Brasil vem ano após ano ocupando um papel de destaque nas exportações para os principais países europeus consumidores de camarão, entre eles a Espanha e a França. A tendência é que esta oferta para a Europa venha a aumentar cada vez mais, em função da redução das exportações para os EUA, verificada a partir de 2004. De acordo com avaliação apresentada pela Globefish, responsável pelas informações da FAO sobre o comércio mundial de pescados, o mercado europeu registrou volumes recordes de importação de camarão no ano de 2004. Os números apontam para um crescimento de 4% em relação ao ano anterior, com um aumento do consumo alavancado pelos baixos preços (Tabela 1).
Tabela 1 – Importação de camarão dos principais mercados europeus (em toneladas)
Fonte: National Trade Statistics
ente de países da América do Sul e da Ásia, com destaque para a Indonésia, que quase quadruplicou suas vendas para esse país. Embora as importações provenientes da Argentina, até então o principal fornecedor da América Latina para o mercado espanhol, tenham diminuído no ano passado, as importações espanholas em termos de volume total, aumentaram cerca de 1%. O domínio argentino nas importações espanholas nos últimos anos se deu graças aos grandes desembarques do camarão nativo Pleoticus muelleri proveniente da pesca. As quedas nas vendas argentinas, no entanto, começaram a ser observadas em 2002 e, em 2004 foi registrada uma queda de cerca de 30% em relação ao ano anterior (Tabela 2).
O Equador aumentou cerca de 40% suas exportações de camarão para a Espanha, e o Brasil cerca de 21%. Esse aumento das importações espanholas permitiu que o Brasil consolidasse sua posição como o segundo maior fornecedor de camarões para esse mercado. O aumento das exportações brasileiras para a Espanha tem sido surpreendente, tendo passado de 4 mil toneladas em 2001 para quase 18.000 toneladas em 2004. A continuar desta forma, a tendência é de que o Brasil supere a Argentina e se torne, ainda em 2005, o principal fornecedor de camarões para a Espanha.
A França aumentou em 38% as suas importações de camarão no período de 2001 a 2004. Em 2001 a França importou 73 mil toneladas e em 2004, 101 mil toneladas. Esse aumento se deu principalmente em função da acentuada participação do Brasil nas vendas de camarão congelado. O Brasil passou de 6 mil toneladas em 2001 para quase 24 mil toneladas o volume de camarão congelado exportado para a França.
Atualmente o Brasil é o principal fornecedor para o mercado francês, com uma participação de cerca de 24% no total das importações. Na categoria de camarões congelados (excluindo-se camarões resfriados e com valor agregado pronto para consumo) o Brasil tem uma participação de 28% das importações francesas, seguido de Madagascar com 14%. Assim como acontece com relação ao mercado espanhol, o aumento das vendas brasileiras de camarão para a França nos últimos anos, vem sendo ajudado pelos preços bastante competitivos praticados em 2004. O preço médio pago pela França para o camarão congelado proveniente do Brasil no ano de 2004, foi de cerca de € 3,00/kg, enquanto que o preço médio pago para o restante das importações francesas, neste mesmo ano, foi superior a € 5,00/kg. Já o preço médio do camarão proveniente de Madagascar (segundo maior e tradicional fornecedor de camarões para a França), foi superior a € 10,00/kg. Essa situação de mercado favoreceu sobremaneira as exportações brasileiras, permitindo que o Brasil ocupasse a liderança no abastecimento do mercado francês de camarões congelados.
O mercado italiano no ano de 2004, seguiu as mesmas tendências do mercado espanhol, com uma mudança no consumo do camarão argentino proveniente da pesca, para o camarão de cativeiro Litopenaeus vannamei. A Argentina, que até então era o principal fornecedor de camarão para o mercado italiano, perdeu cerca de 34% do volume exportado (de 9,2 mil toneladas em 2003, para 6,1 mil toneladas em 2004). Já o Equador aumentou em mais de 50% o volume exportado para a Itália (de 6,8 mil toneladas em 2003, para 10,3 mil toneladas em 2004), o que lhe permitiu superar a Argentina e se tornar o principal fornecedor para este mercado.
Os primeiros quatro meses do ano de 2005 apontam para a continuação de algumas tendências observadas ao longo do ano de 2004: baixos preços no mercado europeu e grandes volumes sendo comercializados, apesar do quadro de enfermidades ocorridas nos países produtores da América Latina e das tsunamis no sudeste asiático, que a princípio indicavam uma tendência de aumento nos preços.