Brasil exporta rãs cultivadas

Ainda estamos longe de afirmar que a rã é uma freqüentadora assídua da mesa dos brasileiros, que registram um consumo per capta anual de apenas 1,4 gramas, segundo afirmou o empresário Dinis Lourenço da Silva no III Seminário de Ranicultura do Estado do Rio de Janeiro, promovido pela ARERJ – Associação de Ranicultores do Estado do Rio de Janeiro e FIPERJ – Fundação Instituto de Pesca, ocorrido em outubro último.

Dinis, que é proprietário da empresa goiana Ranajax Ltda., comparou o inexpressivo consumo per capta da carne de rã no Brasil, comparando-a ao da carne bovina, suína, pescados e frango, e constatou que a carne de rã representou, no ano de 1995, apenas 0,00024% do consumo de carnes em geral.

Para o empresário, o preconceito, o desconhecimento do preço e a pouca oferta do produto no mercado são as principais causas desse baixo consumo, situação que para ser revertida, necessita de investimentos em marketing conscientizando os consumidores sobre a qualidade da carne, que deverá ser oferecida em novas embalagens, com novos cortes e com a divulgação de receitas. Também a oferta regular do produto será fundamental, segundo Dinis, para impulsionar o consumo, reforçado por promoções nos supermercados, de degustação de pratos preparados.

Com a experiência de quem atualmente exporta quatro toneladas mensais de rãs vivas para o mercado norte-americano, o empresário apresentou um quadro mostrando a eficiência dos ranários brasileiros que, de 1988 até os dias atuais, demonstraram uma grande capacidade de absorver novas técnicas que permitiram um grande crescimento, acompanhado de expressivo aumento de produtividade. (Quadro 1).

EXPORTAÇÃO

Em sua palestra no Rio de Janeiro, Dinis ressaltou ainda as conveniências hoje apresentadas ao ranicultor pelo mercado externo. A redução dos custos fixos e financeiros e a diversificação dos mercados e dos riscos, são as principais vantagens oferecidas para o exportador de rãs vivas. Além disso, quem se dedica ao mercado externo é forçado a melhor desenvolver seus recursos humanos e a aprimorar a qualidade do marketing do produto, resultado do esforço da implantação de uma marca internacional.

A França e os EUA são os maiores importadores mundiais da carne de rã, quase toda proveniente da caça predatória praticada, principalmente, pelos países asiáticos. Os estoques naturais, no entanto, já se ressentem desta predação, o que pode ser constatado no desabastecimento sentido por esses dois países nos últimos anos (Quadro 2).

RÃ VIVA

Atualmente, as exportações brasileiras restringem-se às rãs vivas, que são comercializadas com peso variando de 100 a 150 gramas. Dinis Lourenço acha que esse produto traz menos exigências, e vê no aumento dos volumes embarcados um dos principais problemas a serem solucionados em futuro próximo, já que a oferta deve ser constante e o Equador já desponta como um sério concorrente. No entanto, a seu ver, esses problemas poderão ser solucionados facilmente com a melhoria da qualidade do produto acompanhado de um preço mais competitivo, que poderá ser obtido com a possível redução do custo de transporte caso venha a ser utilizado o frete marítimo. Com relação a manutenção de uma oferta constante, Dinis acredita que a melhor solução é a união entre os produtores que, juntos, já dispõem de 200 toneladas anuais para atender esses e outros mercados.