Iniciativa capixaba une produtores a donos de restaurantes, hotéis e supermercado
O desenvolvimento da carcinicultura de água doce, principalmente do cultivo do camarão da Malásia M acrobrachium rosenbergii, esbarra, entre outras coisas, na dificuldade que os produtores tem encontrado no momento da comercialização desta espécie, prejudicada algumas vezes pelo hábito do uso quase que exclusivo do camarão marinho por parte dos supermercados, hotéis e restaurantes.
O fato é que estes estabelecimentos ao comprarem preferencialmente o camarão marinho, demonstram um comportamento conservador, na medida que não experimentam o novo, e comodista, porque optam pela garantia do fornecimento contínuo e seguro de camarões marinhos, provenientes da pesca, disponíveis em qualquer parte do ano, mesmo em época de defeso. E esse comportamento, sem dúvida, se reflete no consumidor final, que tende a cristalizar ainda mais seu hábito de comer somente os camarões marinhos, sem ter a chance de conhecer o paladar diferenciado de um outro produto que possui qualidades próprias.
IGUARIA DE ÁGUA DOCE
Quem entretanto, já teve a oportunidade de lidar com o Macrobrachium rosenbergii, sabe que pode encontrar a textura leve, semelhante a de uma lagosta, associada a um sabor suave, capaz de absorver bem os temperos. Com o qlmarão da Malásia é possível cozinhar qualquer receita em que se use camarões. O cozinheiro inexperiente no entanto poderá, sem saber, ultrapassar o tempo de cozi mento, em geral muito rápido, deixando erradamente a carne mole e desmanchada.
Fritos com casca, ensopados como nas moquecas ou excêntricos como nas comidas japonesas, essa espécie que possui características tão peculiares, é capaz de conquistar os paladares mais exigentes, desde que se tenha os cuidados próprios referentes ao manuseio da despesca e do preparo na cozinha, de forma que sua carne fique tenra e compacta.
Esses problemas referentes ao manuseio de despesca e preparo na’ cozinha, não são entretanto os únicos entraves que a carcinicultura brasileira de água doce tem esbarrado. A falta de uma estratégia única, suficientemente simples e eficaz, mas capaz de divulgar as qualidades desse crustáceo e, que ao mesmo tempo, pudesse ser posta em prática pela maioria dos produtores brasileiros, foi fulminante para que este setor esteja onde está, experimentando uma redução dramática de 1.000 ha para os aproximadamente 300 ha hoje destinados ao cultivo.
INICIATIVA
Uma iniciativa inédita, mas que promete transformações positivas no setor, será a realização de um importante evento que acontecerá em Vitória – ES, organizado pela empresa cr A – Centro de Tecnologia em Aqüicultura em conjunto com o SEBRAE-ES. Pela primeira vez estarão reunidos produtores de camarão da Malásia com empresários dos setores de hotelaria, restaurantes e supermercados.
Nos dias 4 e 5 de agosto, nas dependências do Hotel Hostess Costa do Sol, os empresários destes setores terão a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre as práticas de cultivo que tornam o camarão da Malásia um produto recomendado ao consumo, resultado de um manejo criterioso e higiênico. Na ocasião, os chefes de cozinha e mêtres dos restaurantes de Vitória participarão de um curso específico da culinária deste crustáceo e a eles serão ensinadas técnicas de preparo e receitas de diversos pratos que valorizam o produto.
Tal iniciativa vem de encontro ao interesse dos produtores locais que desejam o desenvolvimento da carcinicultura de água doce e o aumento de suas possibilidades de comercialização. Espera-se com este evento aumentarem pelo menos 50% o mercado consumidor local, introduzindo os camarões da Malásia em pelo menos 30% dos supermercados, cerimoniais e buffetsque trabalham com o pescado no estado. Ainda, segundo os organizadores, será possível aumentar a competitividade do produto em relação ao camarão marinho, seu concorrente direto.
Aos que desejarem participar do evento capixaba, basta entrarem em contato com a CTA, pelo telefone (027) 225-2976.