A cidade de Vitória no Espirito Santo, acolheu de 15 a 17 de novembro último, os participantes do l Encontro Nacional de Produtores de Camarão de Água Doce.
Entre os inúmeros participantes do evento, foi fraca a presença dos produtores, contrastando com o bom número de técnicos, extensionistas e pesquisadores de vários estados, que vieram prestigiar a primeira vinda ao Brasil do biólogo inglês Michael B.New, assim como participar da II Reunião do GTCAD – Grupo de Trabalho sobre Camarão de Água Doce realizada paralelamente ao evento.
GTCAD
Durante o Encontro, foi possível constatar o grande empenho que o GTCAD vem dedicando ao tentar, efetivamente, resgatar a credibilidade e promover o desenvolvimento do cultivo de camarões de água doce no Brasil, através de inúmeras ações junto a todos os seguimentos envolvidos com a atividade (empresários, go- verno, produtores, pesquisadores, técnicos e extensionistas).
Coordenado por Raúl M. Madrid do IBAMA/DF, o GTCAD vem, desde a sua formação em abril de 1994, mantendo uma eficiente estratégia de comuniicaçâo com os membros do Grupo através de informativos mensais. Neles, as várias questões técnicas, burocráticas e de mercado, vem sendo colocadas em discussão por especialistas do setor, visando não somente esclarecer e orientar os produtores, como também, auxiliar o desenvolvimento da atividade.
SUB-GRUPOS
Na reuniâo de Vitória – ES, o GTCAD formou sete grupos de trabalho, visando identificar os principais problemas e elaborar propostas para cada área do cultivo de camarões de água doce. Os grupos suas principais propostas são:
Produção de Pós Larvas e Outros Insumos
Entre outras coisas, foi recomendado o estabelecimento de um programa de melhoramento genético para os estoques de camarões já existentes, bem como um manejo mais adequado na seleção dos reprodutores para o abastecimento das larviculturas. Foi também sugerida a padronização de técnicas para testes de qualidade das pós-larvas produzidas pelas larviculturas e a prática de preços semelhantes entre as larviculturas comerciais e de órgãos públicos, respeitando-se as diferenças de mercados regionais.
Assistência Técnica e Transferência de Tecnologia
Foi recomendado o fortalecimento e integração das entidades que prestam extensão e assistência técnica aos produtores e a motivação para que haja uma melhor capacitação em carcinicultura de água doce, dos técnicos já envolvidos com a aqüicultura.
Capacitação de Recursos Humanos
Foi frisado que os cursos de pequena duração, que se muliplicam cada vez mais no país, se destinam apenas à divulgação da atividade, e que os mesmos não podem servir para capacitação de criadores, consultores e extensionistas. Por outro lado, caberá ao GTCAD a responsabilidade pela organização de cursos com elevada carga horária em atividpdes práticas, e com conteúdo baseado no Manual de Cultivo, em fase de elaboração, visando a capacitação profissional.
Estatística e Banco de Dados
Foi proposta a formação de um banco de dados específico para a carcinicultura de água doce, com a indicação de representantes estaduais que ficarão responsáveis pelo levantamento de informações para este banco de dados.
Pesquisa
Foi sugerida a elaboração de um programa de pesquisa integrado e multi-institucional, visando buscar soluções para os problemas de produção, além de incentivar o estreitamento das relações entre as instituições de pesquisa, fomento, extensão, associações de produtores, prefeituras municipais e órgãos de fiscalização, visando discutir, encaminhar e procurar soluções para os problemas específicos de camarões de água doce. Ficou a cargo do Prof Santo Zacarias Gomes, da UFSC, a responsabilidade pela coordenação e apresentação do Projeto lntegado de Pesquisa ao CNpq. Serão também realizadas pesquisas com o objetivo de facilitar o setor privado na obtenção de isenção de ICMS interestadual a obtenção do SIF.
Crédito e Incentivos
Foi sugerido a realização de um levantamento da disponibilidade de recursos junto aos órgãos financiadores e secretarias estaduais e municipais de agricultura, que possam ser destinados ao desenvolvimento da carcinicultura de água doce, visando a implantação de unidades demonstrativas nas demais regiões do país.
Comercialização
Foi recomendado que o M. rosenbergii passe a ser denominado geneticamente de camarão água doce, ao contrário dœs inûmems dennminações que vem sendo utilizadas até o momento, e que sejam padronizadas as classïcações por tamanho para a comercialização.
A formação desses grupos de trabalho, permitirá sem dúvida, facilitar o estreitamento das relações de todo o seguimento da carcinicultura de água doce na medida que possibilitará o levantamento das dificuldades específicas dos produtores, pesquisadores, técnicos, extensionistas e empresários do setor.
Para o inicio do ano de 1996, está prevista a edição de um Manuall Técnico de Cultivo de Camarão de Água Doce, com cerca de 20 capítulos escritos por especialistas, além de pelo menos 15 cartilhas dirigidas aos produtores.