Camarões ao Redor do Mundo

O fenômeno El Niño, causou enormes danos às fazendas de camarão na região de Cojimíes no Equador. O Oceano Pacífico é o principal armazenador de calor do planeta e suas variações de temperatura têm sido relacionadas com anomalias atmosféricas regionais e globais que resultaram em estragos em todo o mundo.

   As águas do Pacífico romperam muros de contenção e invadiram com força total a área de Cojimíes, causando a destruição de muitas fazendas camaroneiras e afastando a população do local. Foram inundados 560 hectares, contabilizando uma perda econômica de aproximadamente 9 milhões de dólares.

   Cerca de 90.000 dos 180.000 hectares de viveiros de camarões das províncias equatorianas de Guayas, Manami, Esmeraldas e El Oro estão contaminadas com a bactéria Anabaena. Apesar de não trazer problemas para a saúde humana, as bactérias alteram o sabor dos camarões tornando-os mais adocicados. A excessiva quantidade de Anabaena é conseqüência da grande quantidade de água doce decorrente de drenagem inadequada das regiões afetadas e, segundo especialistas, tornou o sabor dos camarões equatorianos semelhante ao milho, fazendo com que seus preço já tenham caído em 25%.

   Os danos causados pelo El Niño na malha de transporte que abastece as regiões produtoras associado ao dano da bactéria nos preços do produto, já deixou 70.000 desempregados sem saber ao certo até quando esta situação vai durar.

   Como se não bastasse, o Conselho de Produtores de Camarões do Equador – Conoprocam, repeliu um aviso da organização Greenpeace para um um boicote mundial às exportações equatorianas de camarões devido ao corte indiscriminado das florestas de manguesais. Luis Puertas Díaz, presidente do Conoprocam, disse que o Equador não pode ser tratado dessa maneira. Enquanto isso, o famoso veleiro Rainbow Warrior pertencente a organização está sendo esperado dia 24 de julho em Muisine, Esmeralda, carregado de cientistas, para estudar os mangues e avaliar a poluição dos estuários na costa nordeste equatoriana.

Sudeste da Ásia

O Ministério da Agricultura da Tailândia designou U$ 63 milhões para as fazendas de camarão de forma a recuperar a indústria camaroneira do país, que pretende num futuro próximo, retomar a posição de maior exportador de camarões do mundo e, a partir deste ano, até o ano 2000, serão destinados mais 26 milhões de dólares somente para o desenvolvimento de pesquisas.

Também no sudeste asiático, grupos ambientalistas têm pressionado para que haja um boicote contra a comercialização do camarão de cultivo em todo o mundo, alegando os mesmos danos nas zonas de manguezais.

Em decorrência, analistas concordam que os compradores de camarões nos EUA assistirão a uma significativa mudança no abastecimento de camarões nos próximos meses, pois o El Niño não trouxe somente destruição ao Equador. Ao aquecer as águas equatorianas, o fenômeno também acabou estimulando os produtores, enquanto que no Sudeste da Ásia ainda causa severos danos nas regiões produtoras.

Os compradores norte americanos estão na expectativa de que o El Niño já tenha causado impactos no mercado mas não podem dizer ao certo ainda a extensão do mesmo. Mas todos concordam que neste ano serão vistos menos “black tigers” e mais camarões brancos no varejo e nas transações dos compradores das grandes cadeias de alimentação.

México

Os produtores isolados de camarões e as cooperativas de produtores mexicanas, associados aos pescadores costeiros e de alto mar, formaram a “Fundacion para el Mar”- Fundamar, para defender o camarão mexicano contra os ataques das organizações ecológicas.

A administração, apoiada pelo banco Bancomex, tem um fundo inicial de 2,5 milhões de dólares e passará a receber dois centavos de dólar por cada quilo de camarão comercializado pelos aqüicultores e pescadores. Além disso, a gigante Ocean Garden Products também investirá na idéia, pagando à Fundação um centavo de dólar por cada dólar pago pelos produtores à administração.

 O que a Fundamar pretende é ter acesso a todos os foros usados pelos ecologistas, para assegurar a precisão das informações científicas acerca dos processos. Será criado também o selo “Smart Shrimp” (camarão inteligente) para assegurar que o produto alcançou padrões internacionais para a proteção do meio ambiente.

Os preços para os camarões mexicanos são os melhores pagos no mercado internacional e, segundo Alfonso Salazar Martinez, presidente da Ocean Garden Products, o país está produzindo consideráveis quantidades de camarões graúdos, difíceis de serem encontrados em todo o mundo.

Brasil

 Sem a influência do El Niño, o cultivo de camarões marinhos no País vem apresentando um excepcional crescimento, tanto quantitativo (20% ao ano) como qualitativo (100% ao ano) e as previsões de aumento de 100% na produção de 1997 para 1998, deverão ser ultrapassadas, especialmente pela excessiva disponibilidade de pós-larvas e pelo razoável nível técnico das rações disponíveis. Segundo especialistas, esses fatores, aliados ao aprimoramento do processo tecnológico como a utilização de berçários intensivos; tratamento do solo; bandejas fixas; aeradores; fertilizações químicas, etc., vêm contribuindo para a obtenção de produtividades superiores a 2.000 kg por hectare por ciclo de 100 dias.

Outros importantes fatores que podem determinar os rumos favoráveis da atividade são a renúncia de ICMS pela maioria dos estados do Nordeste, aliada às isenções fiscais da SUDENE e o interesse dos bancos BNB e BNDES no financiamento desse setor.

Estes fatores estão tornando a carcinicultura marinha uma atividade altamente atraente no Nordeste brasileiro tornando-a bastante competitiva, em termos comparativos de investimentos, especialmente quando se leva em conta a grande demanda mundial e brasileira do camarão cultivado, haja visto que a produção desse setor não vem apresentando qualquer crescimento desde 1993.