Camarões Marinhos

Mudança no perfil do criador ajuda a atividade a crescer


O perfil do criador brasileiro de camarões marinhos está mudando, deixando de lado o estereótipo do grande investidor, único até então capaz de levar adiante os projetos gigantescos de cultivo, impossíveis de serem tocados sem a ajuda de muito dinheiro e tecnologia sofisticada.

Tais mudanças podem ser percebidas ao redor da Lagoa de Guaraira, a 60 km ao sul de Natal no Rio Grande do Norte, onde os viveiros de cerca de 25 pequenos e médios produtores formam uma colcha de retalhos que embeleza a paisagem e muda o destino de muitos novos empreendedores. São viveiros rústicos estuarinos, construídos há bastante tempo, que vem sendo reformados para o cultivo de camarão.

Em decorrência do baixo poder aquisitivo de alguns desses produtores, são utilizadas ainda tecnologias rústicas que resultam em baixa produtividade. Contudo, os resultados da engorda dos camarões, tem sido bastante satisfatórios, podendo facilmente serem comprovados através da melhoria do padrão de vida dos produtores expressas freqüentemente através das reformas de suas residências e na aquisição de veículos novos.

Segundo o produtor Alexandre Alter Wainberg, proprietário do Sítio São Félix, localizado na região, a situação, em parte se assemelha àquelas relatadas no Sudeste Asiático, onde as fazendas são basicamente administradas pelas famílias. Tal sucesso tem mantido todos os viveiros constantemente povoados e despertado o interesse pelo arrendamento destas áreas, que é feito geralmente pelo prazo de quatro anos, com o proprietário participando em 30% da produção e período de carência de 6 a 9 meses (1 ou 2 cultivos) dependendo dos investimentos que se fizerem necessários.

PREÇOS DO MARINHO

Passado o verão, os preços obtidos pelo camarão cultivado estão mais baixos (R$ 7,00), com tendência a cair um pouco mais durante a baixa estação. Entretanto, este ano a flutuação dos preços entre o verão e o inverno está bem menor que a do ano passado. No verão de 1995 os preços do camarão no mercado interno alcançaram até R$ 13,00 o quilo, bem acima dos R$ 10,00 alcançados neste ano. Por outro lado, no inverno deste ano está sendo possível vender a R$ 7,00 o quilo, bem acima dos R$ 5,00 vendidos no inverno de 1995.

Com relação ao mercado internacional, há uma forte tendência de queda de preços. Para o biólogo e produtor Alexandre Wainberg, os grandes produtores mundiais estão conseguindo de alguma forma contornar ou conviver com seus problemas e a retomada do mercado por esses produtores está novamente saturando o mercado na faixa 10 a 15 gramas para o P. vannamei. Wainberg não acredita, entretanto, que o baixo preço do camarão equatoriano – US$ 3,50 no viveiro, venha a causar algum impacto no mercado doméstico brasileiro. Isto porque, no Brasil, o mercado é mais forte para camarões frescos e as dificuldades de transporte fazem com que a entrada do produto equatoriano fresco no mercado brasileiro seja muito difícil.

Em decorrência da queda dos preços no mercado internacional, as fazendas brasileiras já se voltaram com vigor para o mercado interno, onde nem o preço do frete aéreo para o Rio de Janeiro e São Paulo somados a embalagens e impostos, que aumentam de R$1,50 – 1,90 cada quilo, assustam os compradores que colocam somente no mercado carioca, de 15 a 25 toneladas de camarões cultivados a cada semana.