Carcinicultores buscam mercado interno

Os carcinicultores do Rio Grande do Norte devem priorizar a venda dos seus camarões para os supermercados devido a queda do dólar e ao surgimento de enfermidades nos viveiros. O mercado nacional é uma das alternativas buscadas para suportarem a longa crise pela qual passa o setor e que já se caracterizou como a pior já enfrentada desde o início da atividade no Brasil.

Essa, porém, não é a única medida buscada pelos carcinicultores, que tentam também baixar seus custos de produção. Uma das alternativas, já proposta na MP do Bem, é a redução da tarifa de energia elétrica. Essa proposta, ainda a ser aprovada pelo governo, reivindica que o valor cobrado aos aqüicultores se equipare ao cobrado aos agricultores. O incentivo seria também para o uso da energia à noite, quando os carcinicultores mais se utilizam da energia elétrica.

O camarão produzido no Rio Grande do Norte é o segundo produto da pauta de exportações do estado, que figura como o maior produtor e exportador de vannamei do País. As exportações do setor que se voltavam para os consumidores da Espanha e da França, até bem pouco tempo, tinham como destino certo os Estados Unidos. Desde fevereiro deste ano, no entanto, a produção do camarão caiu no estado e a exportação despencou. O IMNV é considerado pelos produtores como um dos responsáveis pela redução da produção, já que além de matar o crustáceo, a doença obrigou os produtores a reduzirem a população dos viveiros.

A crise fez com que os produtores e a indústria de beneficiamento passassem a olhar para o mercado interno. O setor já demitiu mais de mil trabalhadores somente esse ano e, pelo menos quatro empresas fecharam suas portas. Os carcinicultores calculam que o segmento precisará de pelo menos dois anos para se recuperar.

Com o objetivo de fortalecer o produto no mercado interno, a indústria de processamento se uniu aos produtores, e pleiteiam junto ao governo a isenção de ICMS para o camarão a ser comercializado para os supermercados. Hoje a taxa é de 17%.

Preconceito

Ao experimentarem o mercado interno os aqüicultores vão se deparar, porém, com o preconceito existente com relação os pescados cultivados, sejam eles peixes ou camarões. Esse preconceito chega até o consumidor, muitas vezes trazido pelo próprio comerciante que o atende no balcão.

Exemplo disso foi observado numa feira livre carioca, onde tilápias de aproximadamente 700 g estavam sendo vendidas como acará, ao preço de R$ 6,60 o quilo, nome justificado pelo vendedor, por ser mais popular, além de não caracterizar o produto como sendo de cultivo.

Nesta mesma feira, o peixeiro que vende também vannamei, negou que o camarão da sua banca fosse oriundo de cultivo, sob o argumento de que o camarão criado em cativeiro não possui sabor e “escorrega” das mãos!!!

Em tempo: Laranjeiras é um bairro bucólico do Rio de Janeiro, e essa feira livre, que acontece em todas as manhãs de sábado, é um dos pontos de encontro da classe média alta, atraída não só pelos bons legumes, frutas e pescados que oferece, mas também pelo bom artesanato, ótima música ao vivo e cerveja gelada presentes no largo da feira, o que caracteriza um público consumidor em potencial para esses produtos.