Carcinicultores de olho na China

Apesar da crise conjuntural do país, a carcinicultura mostra evidentes sinais de crescimento. Tanto produtores de médio e grande porte, como micro produtores, têm se movimentado no sentido de ampliar ou adaptar suas áreas de produção para utilizar técnicas para um cultivo mais intensificado. Nesse cenário surgem também novos produtores, como em Alagoas e Sergipe, onde o município de Brejo Grande desponta como um vigoroso polo de produção de camarão, com um impressionante crescimento da área produtiva nos últimos dois anos, operando no sistema tradicional, com densidades de até 20 camarões por m2. Também na Bahia, o município de Canavieiras segue se destacando como polo produtor em sistema intensivo, abrigando a segunda maior fazenda nesse sistema em operação no Brasil. Com toda essa vitalidade, é de se esperar para este ano um crescimento expressivo no volume de camarões produzidos no país.

Tal cenário favorável, no entanto, traz consigo uma ponta de preocupação. Em maio deste ano aconteceu a primeira entrada legal no Brasil de 40.200 kg de camarões provenientes do Equador (Fonte: Aliceweb), o que pode ter sido a remessa inicial de muitas que virão, atendendo a um pleito há muito desejado pelo setor produtivo equatoriano.

A preocupação dos produtores brasileiros tem a ver com o imprevisível comportamento do mercado, já que não é possível saber como se comportarão os preços internos em resposta ao aumento da oferta local acrescida do produto importado do Equador.

Em meio a esse quadro há produtores se articulando para tentar exportar, a todo custo, o seu camarão. China e Coréia estão no radar dos brasileiros, diante do impedimento atual de envio de qualquer pescado nacional, da pesca ou da aquicultura, para o mercado europeu.

É uma preocupação que procede, na medida que uma queda de preços decorrente do aumento da oferta pode inviabilizar a venda do camarão produzido nos sistemas mais intensificados, por possuírem um custo de produção um pouco mais alto.