Seja o salmão selvagem – sockeye ou chinook, duas das espécies mais conhecidas – ou o salmão do Atlântico criado para consumo, todos fazem muito bem à saúde. É o que reafirmou o professor Dariush Mozaffarian, professor da Escola de Medicina da Universidade Tuffs, nos Estados Unidos, ao jornal “The New York Times”, em um artigo assinado por Markham Heid na edição de 8 de janeiro deste ano. Ele lembrou que peixes em geral são dos poucos alimentos de origem animal indiscutivelmente benéficos para a saúde, e declarou que para ele o salmão está no topo dessa lista.
A principal razão é a presença dos ácidos graxos ômega-3, especialmente os ácidos docosahexaenoico (DHA) e eicosapentaenoico (EPA), cujo consumo é associado à redução de riscos de AVC e doenças cardíacas, além dos efeitos anti-inflamatórios que protegem o organismo contra muitos outros males. Além disso, o salmão contém mais ômega-3 DHA e EPA do que quase qualquer outro alimento, exceto outros peixes gordurosos, como arenque e sardinha, afirmou Mozaffarian. O especialista destacou que, embora o organismo humano seja capaz de produzir DHA e EPA por conta própria, comer alimentos ricos em ômega-3 pode ajudar a garantir que o corpo e o cérebro obtenham o que precisam. Não por acaso, a Associação Americana do Coração (American Heart Association – AHA) recomenda comer uma porção de 90 gramas de peixe (principalmente peixes gordurosos, como o salmão) pelo menos duas vezes por semana.
Leia também: A história das rações para organismos aquáticos
Estudos têm associado o consumo de ácidos graxos ômega-3 de pescado a taxas mais baixas de derrame e doenças cardíacas. As pesquisas sugerem que esses tipos de gordura reduzem a rigidez arterial, que está associada à pressão arterial elevada, e também podem ter efeitos anti-inflamatórios que podem proteger contra a obesidade e a diabetes tipo 2.
Mozaffarian também diz que os ômega-3 são essenciais para o desenvolvimento do cérebro na primeira infância, e as evidências sugerem que o seu consumo regular pode proteger contra o declínio cognitivo relacionado com a idade e doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer.
Importante lembrar que existem suplementos no mercado que contêm ômega-3, mas há evidências de que obter essas gorduras por meio da ingestão de pescado pode ser melhor, talvez porque existam compostos na carne de peixe que ajudam a prevenir a decomposição do ômega-3 durante a digestão.
Leia também: Prevenção: Pilar importante para o sucesso em larvicultura de camarões
Além disso, o salmão contém outros nutrientes, como proteínas, selênio e iodeto, que podem apoiar ou aumentar os efeitos saudáveis dessas gorduras.
Selvagem ou de criação, qual deles é melhor?
Citada no mesmo artigo, a professora Stefanie Colombo, chefe de pesquisa em nutrição de aquicultura na Universidade Dalhousie, no Canadá, diz que a variedade de opções que o mercado oferece pode às vezes deixar o consumidor um pouco confuso sobre qual salmão é mais saudável. Em suas pesquisas, Stefanie examinou os valores nutricionais dos diversos tipos de salmão disponíveis no mercado, e constatou que não há muita diferença entre os salmões selvagens e aqueles criados em cativeiro. Os valores nutricionais no estudo de Stefanie, entretanto, eram médias. Dependendo de fatores como o tipo de alimentação ofertado ao salmão criado ou a época do ano em que o salmão selvagem é capturado, os níveis de gorduras saudáveis ou outros nutrientes podem diferir de peixe para peixe. Mas a pesquisadora garante que “todo o salmão que observamos era muito nutritivo”.
Embora os selvagens possam ser mais densos em nutrientes, em sua pesquisa ela constatou que os níveis de ômega-3 dos peixes de cativeiro são apenas ligeiramente mais baixos.
Por outro lado, o salmão capturado na natureza costuma ter níveis mais altos de mercúrio em comparação com os criados em cativeiro, mas o fato é que todas as amostras pesquisadas por Stefanie tinham níveis de mercúrio muito abaixo dos padrões internacionais de segurança. O que a levou a uma conclusão tranquilizadora para o consumidor: ainda que este coma salmão todos os dias, a presença do mercúrio não é algo que deva tirar o sono.
Leia também: Copacol investe alto para dobrar sua produção de alevinos
A conclusão dos especialistas ouvidos por Markham Heid para o “New York Times” é que todo salmão é bom para quem o consome, não sendo necessário ficar angustiado com a escolha.