Evento em Natal contou com 1.123 inscrições e 429 trabalhos apresentados
Por: Jomar Carvalho Filho
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O XVI CONBEP – Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca foi aberto no dia 18 de outubro de 2009 na cidade de Natal-RN, com a participação do ministro da Pesca e Aquicultura Altemir Gregolin, que proferiu a palestra “Desafios do ministério da pesca e aqüicultura para a produção de alimentos aquáticos”. O evento, organizado pela Federação das Associações dos Engenheiros de Pesca do Brasil – FAEP-BR, Associação dos Engenheiros de Pesca do Estado do Rio Grande do Norte – AEP/RN e a Associação Brasileira de Engenharia de Pesca – ABEP, se encerrou no dia 22 de outubro e contou com 1.123 inscrições e a apresentação de 429 trabalhos.
A crise vivida pela aquicultura chilena foi um dos temas abordados pelo ministro Gregolin, e serviu de exemplo para reforçar a sua convicção de que não haverá futuro para a aquicultura brasileira se não forem adotados modelos de desenvolvimento ambientalmente sustentáveis. Em outro momento do seu discurso o ministro criticou a falta de representatividade do setor aquícola e a necessidade de que seja fortalecida a sua organização. “É preciso que o setor vá para a rua mostrar para a sociedade que é forte política e economicamente”, disse Gregolin, sugerindo a realização do que chamou de “grito da aquicultura”.
Itamar
O ponto alto do XVI CONBEP, no entanto, foi a palestra do presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão, Itamar Paiva Rocha, que já está com a saúde recuperada após o grave acidente automobilístico que sofreu em agosto passado. Ao falar sobre a “Aquicultura no Brasil e no Mundo: Desafios e Tendências”, Itamar lembrou que o Brasil ainda é o país que mais importa pescado na América Latina, com valores que chegam a 600 milhões de dólares, que ajudam a gerar emprego e renda em vários países do mundo. Na sua opinião não há justificativa para tamanha importação, já que a piscicultura é praticada no país desde 1835, quando os primeiros viveiros de marés foram construídos ao longo do litoral de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, sem falar no fato de que, no início da década de 30, Rodolpho Von Ihering já reproduzia peixes reofílicos, “sob a luz da lamparina”, nas margens do açude de Bodocongó, em Campina Grande (PB).
Itamar mostrou ainda que o Brasil é responsável por 23% da carne bovina, 39% da carne de aves e 24% da carne de suínos comercializadas ao redor do mundo. Entretanto, apesar de possuir 8.500km de extensão de costa e as maiores bacias hidrográficas do planeta, o país contribui apenas com pífios 0,37% do pescado consumido. Para explicar tamanho absurdo, Itamar responsabiliza a forma inadequada com que o Princípio da Precaução é utilizado para impedir que os recursos naturais do país sejam utilizados com a finalidade de alimentar, não apenas os brasileiros, mas boa parte da população mundial.
Felipe Matias
Felipe Matias, do Ministério da Pesca e Aquicultura, fez uma revisão das ações do MPA e falou das projeções de incremento de pescado na mesa dos brasileiros diante das recentes cessões de parques e áreas aquícolas nos reservatórios da União que já foram licitadas. Em Itaipu (PR) foram licitadas áreas com capacidade para produzir 12 mil toneladas anuais de peixes; no Castanhão (CE) 32 mil toneladas; em Furnas (MG) 80 mil toneladas; Três Marias (MG) 55 mil toneladas; Tucuruí (PA) 14 mil toneladas, e Ilha Solteira (SP) 72 mil toneladas, que somadas podem produzir 265 mil toneladas anuais de pescado. Falou também que 150 áreas aquícolas isoladas foram licitadas, com capacidade para cerca de 100 mil toneladas de pescado. Essas áreas já estão sendo ocupadas pelos produtores e, nas contas de Felipe Matias, as 365 mil toneladas que devem sair dessas cessões, se somadas com o que já está sendo produzido, farão com que o MPA atinja a meta do Programa Mais Pesca e Aquicultura, que prevê a produção de 511 mil toneladas de pescado de água doce em 2011.
Felipe Matias prevê a produção de 511 mil toneladas de pescado de água doce em 2011FAEP
Quem foi ao XVI CONBEP, teve a grata satisfação de ver um volume extraordinário de pesquisa sendo realizado nas universidades. Dos 429 trabalhos apresentados, 133 foram dedicados a aquicultura.
Durante o evento a Assembléia Geral da FAEP-BR promoveu a eleição da Diretoria Executiva e Conselho Fiscal para o biênio 2009-2011. Foi eleita a Chapa Engenharia de Pesca em Primeiro Lugar encabeçada pelo Engº de Pesca Elizeu Augusto de Brito, que passa a ocupar a presidência no lugar de Augusto José Nogueira. Na ocasião também foi escolhida a cidade de Belém do Pará para sediar o XVII CONBEP em 2011.
A Associação Brasileira de Engenharia de Pesca, fundada em 2007 por alguns professores e pesquisadores da engenharia de pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco, também promoveu a sua assembléia, e Fábio Hissa Hazin (UFRPE) foi re-eleito para ocupar a presidência.