Congresso Internacional

Discute a Comercialização de Peixes Cultivados


A comercialização dos pescados cultivados continua sendo o grande entrave para que o segmento obtenha uma elevação ainda maior de produção. Para auxiliar os pequenos e médios produtores quanto as possíveis soluções para essa ponta da cadeia produtiva, foi realizado nos dias 16 e 17 de outubro na cidade de Indaiatuba – SP, o 1º Congresso Internacional de Comercialização de Peixes Cultivados. A agregação de valor ao produto, a formação de cooperativas, a venda para um mesmo frigorífico, de forma a garantir ao comprador quantidades maiores e freqüência na oferta dos produtos bem como a exportação, foram alternativas discutidas no Congresso que recebeu produtores de todo o Brasil, além representantes de frigoríficos, restaurantes e redes de supermercados. Segundo Vanice Waldige, coordenadora da Anfal-Aqua – Comitê de Organismos Aquáticos da Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos Animais da Aqüicultura, o evento foi um sucesso atraindo 404 participantes que não arredaram pé, um minuto sequer do auditório do Centro de Convenções do Vitória Hotel. Ao que tudo indica, este foi o primeiro de uma série de eventos que serão realizados pela Anfal-Aqua.

As possíveis origens do uso dos tanques-rede na longínqua bacia do rio Mekong, onde pescadores asiáticos utilizavam gaiolas submersas para armazenar os peixes que capturavam, serviu de entrada para a palestra de Gustavo Bozano, gerente de aqüicultura da Socil Guyomarc´h, ao abrir o I Congresso Internacional de Peixes Cultivados. Bozano, falou acerca da viabilidade econômica da criação de peixes em sistemas intensivos, destacando a importância da seleção dos locais aptos para a criação em tanque-rede. Lembrou a necessidade de se fazer um levantamento preciso das informações a respeito da fonte da água de abastecimento, da disponibilidade de mão de obra, e dos alevinos a serem engordados. Enfatizou também o conhecimento da legislação e das regulamentações governamentais, sem esquecer as legislações locais, que muitas vezes são mais específicas que as determinações federais. Respondendo se o produtor deve começar sua engorda com alevinos ou juvenis, Bozano explicou que isso vai depender somente da programação de cada produtor, alertando que é comum acontecer de “o piscicultor se preparar para trabalhar com juvenis, utilizando para isso tela própria para juvenis, e na última hora não encontrar juvenis no mercado, somente alevinos”. O gerente da Socil falou ainda da importância de se conhecer antecipadamente o tamanho final do peixe que se deseja produzir, acrescentando que é importante trabalhar com as densidades adequadas de peixes e quantidades corretas de alimento, como as sugeridas pelas fábricas, distribuindo a quantidade de ração em mais de uma refeição ao dia. “É só lembrar que não viveríamos bem se nos alimentássemos apenas uma vez ao dia. Com uma refeição diária os peixes também não se sustentam bem”, disse. Alertou para os erros de planejamento da produção que, em sua opinião, estão entre as maiores causas do fracasso de alguns produtores. Para exemplificar, Bozano lembrou o caso de um produtor que necessitava levar os peixes despescados através de um barranco de 18 metros de altura. Logo na primeira despesca o barranco virou um lamaçal inviabilizando a retirada dos peixes. A única solução possível para viabilizar o negócio foi pedir ajuda a um vizinho, sete quilômetros rio abaixo.

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A parceria sólida entre uma associação de produtores (ANPAT – Associação do Noroeste Paulista de Tilapicultores) e um frigorífico (Ita Fish), foi a fórmula encontrada para viabilizar a exportação semanal de filés frescos de tilápia da região dos Grandes Lagos do Noroeste paulista, diretamente para os EUA. Segundo Marcos Lopes Moreira da Silva, da Piscicultura Aracanguá e presidente da ANPAT, essa parceria, associada à contratação de uma empresa especializada na procura de compradores no mercado norte-americano, foi o bastante para acabar com os problemas que antes pareciam intransponíveis. São 900 a 1200kg quilos de filés que partem a cada embarque. Em uma semana podem ocorrer de um a três embarques de peixes, que seguem nas caixas de isopor da Peixe do Vale (foto) com destino a Miami. Marcos frisa,porém, que há semanas em que problemas de disponibilidade de abate no frigorífico impedem o embarque e que esses problemas estão sendo resolvidos com a entrada de outro frigorífico no circuito. 70% dos filés exportados pesam acima de 146 gramas (5 onças ou mais), oriundos de peixes com peso superiores a 950g. Dos filés exportados, 30% pesam de 3-5 onças, frutos de peixes de 600-900g. Segundo Marcos, os peixes são cultivados em tanques-rede de 3×3 por 2 metros de altura, capazes de altos volumes de produção com maior controle. O custo de produção é de R$ 0,50 por quilo de peixe, acrescido do custo da ração, estando neste final de outubro ao redor de R$ 2,00 para a tilápia acima de 950g.

A viabilidade econômica e produtiva de peixes em viveiros foi o tema apresentado por Alexandra Caseiro, Gerente Técnico Comercial de Aqüicultura da Nutron Alimentos. Alexandra iniciou comentando as principais mudanças que determinaram o panorama atual da piscicultura brasileira, entre elas as dificuldades que os produtores estão tendo para se acostumarem com a diminuição das margens de lucro, outrora superiores a 30%. Segundo ela, a principal causa da queda da lucratividade foi o aumento da competitividade associado às mudanças no produto final. Tilápias cujo peso médio de comercialização eram de 450-500g, hoje são comercializadas apenas quando atingem 600-800g. Os peixes redondos – tambaqui, pacu e híbridos dessas duas espécies, outrora comercializados entre 1 e 1,2kg, são comercializados hoje entre 1,5 e 2kg. Até os pintados, que costumavam ser comercializados com 2,5 a 3 kg, hoje são abatidos quando atingem 1,8 a 2 kg. Além dessas mudanças, Alexandra destacou a grande oferta de peixes com preços baixos no mercado como um dos fatores que caracterizam a situação atual em que vive os piscicultores. Ainda falando sobre os principais problemas que contribuem para o achatamento das margens do produtor, destacou o uso freqüente de estocagens inadequadas, às vezes 3 a 4 vezes maior do que aquela que o sistema comportaria, resultando no prolongamento do tempo de cultivo e uma piora dos resultados de eficiência alimentar. Os problemas externos ao cultivo, segundo Alexandra Caseiro, também vêm afetando o bolso do produtor, destacando a desaceleração da economia, o aumento das tarifas de energia elétricas e de telefonia, e alta nos preços da ração, corretivos, fertilizantes e combustíveis gerados pela alta da moeda norte-americana. Isso sem falar dos problemas na hora da comercialização, que às vezes obrigam os peixes as ficarem dentro dos viveiros mais tempo do que deveriam.

Outro palestrante convidado pela Anfal foi José Renato Pimentel Lima, proprietário da Fazenda Boa Vista, de Araçoiaba – CE, com 42 hectares de viveiros escavados e 430 tanques redes. Atualmente, 98% dos peixes cultivados na fazenda são tilápias tailandesas e o restante tambaquis, ao contrário de poucos anos atrás, quando os peixes redondos ocupavam mais de 60% da sua área alagada. Pimentel mostrou como funciona a sua criativa comercialização de peixes vivos em Fortaleza e contou da sua decisão de partir para este tipo de mercado, após constatar que tem muito peixe de qualidade sobrando no Ceará. O produtor acredita que a maior parte dos seus colegas tem problemas semelhantes e elogiou o que chamou de “parceria” com a Anfal, ao possibilitar a oportunidade para que a troca de informações seja peça chave para viabilizar a comercialização. O esquema de venda montado por Pimentel abrange sete lojas com tanques e aparatos para manter os peixes vivos, e envolve ao todo 60 funcionários, incluindo os que trabalham na produção na fazenda. Pimentel denunciou a concorrência desleal que os produtores cearenses sofrem na capital, com a venda de tilápias capturadas na poluída Represa Billings, em São Paulo. Disse que são quatro caminhões com capacidade de 12 toneladas levando rotineiramente tilápias de 600 a 900 gramas evisceradas e no gelo, vendidas a R$ 1,80 o quilo no mercado de Fortaleza. Já as tilápias comercializadas vivas por Pimentel em seus pontos de venda, possuem de 500 a 800 gramas e são vendidas entre R$ 3,80 e R$ 3,20 (loja na periferia) garantindo, segundo ele, uma margem de lucro de 62%. No atacado o preço cai para R$2,90 o quilo, mais os custos de entrega do produto.

Para relatar a sua bem sucedida experiência na produção e comercialização de pescados, a Anfal convidou Maurílio Reis Bretas, proprietário da empresa Fruto do Rio, especializada na criação, processamento e distribuição de surubim e tilápia. No início das atividades, em 1995, seguindo o mesmo caminho da maior parte dos piscicultores, Maurílio focou o mercado dos pesque-pagues até que, a partir de 1997, mudou seu rumo decidindo por voltar-se para a produção e venda de peixes para consumo. Situado em Santa Maria de Itabira, a 130km de Belo Horizonte, uma região rica em recursos hídricos, Maurílio cria peixes em 250 tanques-rede de 3×3 por 2,6 metros de profundidade, alimentados exclusivamente com ração balanceada. O rígido controle de qualidade, com classificação e acompanhamento de todas as etapas do processo, permitem a rastreabilidade do produto, o que lhe permite comercializar também através de redes como o Carrefour, que lhe concedeu o Selo de Garantia de Origem. Em tese, este selo lhe assegura a comercialização em qualquer uma das 9000 lojas da rede nos 31 países em que o grupo está presente, conforme confirmou Arnaldo Eijsink, responsável pela certificação da rede francesa, também presente ao evento. A Fruto do Rio abate em frigorífico próprio com inspeção federal, distribuindo também em frota própria. Além do Carrefour, a Fruto do Rio distribui sua linha de produtos frescos, congelados e defumados em outros hipermercados e supermercados, além de restaurantes e hotéis. Indagado acerca do preço de venda de seus produtos, Bretas informou que o Carrefour de Belo Horizonte lhe paga R$ 3,00 pelo quilo da tilápia inteira com peso acima de 700 gramas e o R$ 8,60 pelo quilo do filé acima de 100 gramas. Falando das dificuldades por que passou e passa, Bretas relatou problemas relacionados a tecnologia para criação em tanques-rede, incluindo aí o manejo. Lembrou do alto custo para a construção de uma unidade de abate e das dificuldades de aprovação do SIF e, ainda, dos problemas decorrentes da distribuição, pelo fato de ser ainda muito pulverizada com nichos de mercado muito específicos. Na sua opinião a piscicultura é uma atividade rentável, porém requer tecnologia e extremo controle de todas as etapas do processo. Maurílio considera o mercado ainda é limitado para piscicultura, pelo alto preço final do produto. “O negócio é promissor, principalmente a longo prazo, em função da redução do extrativismo. Na minha opinião, a exportação parece ser uma excelente saída para os produtos da piscicultura brasileira”.

Operando desde 1998, Paulo Martins, proprietário da Piscicultura Santa Cecília, iniciou o processamento de seus peixes em 2000. Hoje a Santa Cecília atende a bares, restaurantes, hotéis, choperias, buffets, e vende diretamente para o consumo familiar, acreditando, desta forma, no grande potencial de venda dos estabelecimentos menores. Com relação as grandes redes, Paulo Martins falou das dificuldades associadas aos custos financeiros e outros custos impostos pelas redes de supermercados, além da grande concorrência com outros pescados de menor custo, na briga pelos espaços nesses estabelecimentos. Paulo Martins informou que as instalações de processamento da Santa Cecília estão em vias de receber a certificação federal e operam ainda com o SISP (estadual). A piscicultura classifica seus produtos em filés de tilápia de 60g, que atende o mercado de buffet infantil; entre 80-100g para restaurante de comida a quilo; acima de 120g para buffet e restaurantes à la carte; acima de 150g para atender restaurantes de comida japonesa e, a tilápia fresca acima de 800g também para a culinária japonesa. Ao procurar manter a sua logística de venda em harmonia com a logística de entrega, Paulo Martins atua hoje, na região de Assis, São Roque, São Paulo, Campinas, Jundiaí, Piracicaba, Ribeirão Preto e Barretos. Utiliza mala direta dos produtos da empresa e costuma utilizar amostras e degustação do produto para atrair a clientela. Além dos filés congelados e do peixe fresco, a Santa Cecília ainda tem a linha de empanados, espeto para balcão e isca de peixe para aperitivo. Seus produtos vêm fazendo sucesso nas beiras das estradas, através das redes Rodoserv e Frango Assado, impulsionado pelo marketing de um produto de digestão fácil no trânsito. Paulo procura dinamizar as suas estratégias de marketing utilizando desde pirâmides de mesa de restaurantes até contatos com editores de culinária em revistas dirigidas ao público feminino. Ele recomenda criatividade e conta que, ao detectar a sazonalidade do consumo na cidade de São Paulo, foi buscar o consumidor de espetos e iscas na temporada de praia, cuja receptividade foi excelente. O piscicultor falou também sobre a rejeição do filé de “tilápia” pelos freqüentadores de restaurantes de comida a quilo. “É comum ver que as pessoas passam direto quando a placa diz “filé de tilápia”, ao contrário, de quando a placa diz “filé de pescado”. A procura aumenta proporcionalmente à satisfação com a qualidade”.

Em outra apresentação no evento da Anfal, foi possível conhecer as estratégias de mercado da Fazenda Santa Isabel de Jundiaí – SP apresentadas pelos irmãos Rafael e Carolina Barros. O início da atividade foi em 1995 e já em 1997 iniciaram sua atuação no mercado alvo, comercializando a Saint Pierre, uma tilápia híbrida vermelha, originária de Israel. O sistema intensivo de produção lhes permitiu, em 2000, obter a certificação de origem Carrefour. Hoje operam de forma verticalizada, desde a produção de alevinos até o abate com inspeção federal. Segundo Carolina Ribeiro de Barros, em 1996 foi feito um estudo aprofundado em cada uma das culturas gastronômicas predominantes na cidade de São Paulo e, desse estudo, saiu toda a filosofia de trabalho e a logística de atendimento do mercado. Estar situada a 60 km de São Paulo é uma das vantagens exploradas pela empresa, que aprendeu ao longo dos anos, a atender seus clientes de forma personalizada. Além da rede Carrefour, a Santa Isabel atua em nichos do mercado de restaurantes e hotéis, contidos num raio estratégico de 150 km ao redor da fazenda. Faz parte também da estratégia da piscicultura levar seus clientes para conhecer pessoalmente o processo de produção. Isso, além de tranqüilizar a clientela a respeito da origem segura do produto, permite, segundo Rafael de Barros, que seus funcionários “conheçam a cara da clientela” para que possam tratá-los de forma diferenciada, segundo suas exigências, de acordo com a filosofia da empresa. Hoje são mais de 300 clientes cadastrados. O preço médio do filé fresco comercializado pela fazenda é de R$ 12,50.

O Frigorífico Cardume, representado pelo seu sócio Jorge de Matos Casaca, foi também um dos convidados do evento. Em sua apresentação Casaca caracterizou o piscicultor brasileiro como aquele que sabe criar, e muitas vezes criar bem, mas que só ao final do cultivo, perto de despescar, é que procura comprador para seus peixes. O ideal, segundo a sua experiência à frente da empresa, é que os produtores, antes mesmo de povoarem os viveiros, saibam qual o produto final que desejam produzir. Por estar situada no oeste de Santa Catarina, onde a temperatura média é de 19 graus, a Cardume sabe que a tilápia não é o peixe ideal para se produzir o ano todo. Daí a necessidade de trabalhar também com espécies que se adaptam bem a essas variações de temperatura ao longo do ano. Na região, 60% da produção é proveniente de policultivos integrados, utilizando esterco suíno e suplementação de ração na fase final de engorda, outros 35% são de policultivos integrados, sem a suplementação de ração na fase final e somente 5% alimentam os peixes com ração durante todo a engorda. As espécies cultivadas são: tilápia nilótica, carpa comum, carpa prateada, carpa cabeça e carpa capim. O planejamento da Cardume é um fator estratégico para obter a matéria prima adequada, já que de janeiro a abril não se abate tilápias na região. Hoje 120 piscicultores/parceiros são abastecidos com os alevinos produzidos pela própria Cardume. São ao todo 55 hectares de área alagada, que produzem 240 toneladas anuais de peixes, com previsões de alcançar nos próximos três anos 400 piscicultores na parceria, gerando 1.200 toneladas anuais. Segundo Casaca, com o uso do sistema de policultivo utilizando o esterco de suínos, a produtividade fica ao redor de quatro toneladas por hectare, com o custo médio de produção variando de R$ 0,39 a 0,52 o quilo, caso não seja utilizada a alimentação suplementar. Ao utilizar a ração na fase final, esse custo sobe, variando de R$ 0,45 a 0,75 o quilo. Utilizando o sistema de monocultivo alimentado com ração, os custos sobem ainda mais e variam de R$1,00 a 1,20. Dentre os problemas relacionados com a comercialização, Casaca destacou também o abate clandestino, com produtores comercializando e batendo de porta em porta. Para finalizar, apresentou as bem preparadas embalagens dos produtos da Cardume, cuja moderna concepção gráfica, as deixam aptas para competir nas gôndolas com os tradicionais produtos de pescados industrializados.

Roseane Ribeiro Patriota, Diretora de Negócios da AAT Internacional, leia-se Grupo MPE, empresa produtora de tilápia em raceways instalada em Paulo Afonso – BA, foi outra convidada da Anfal para contribuir com os objetivos do evento, expondo as estratégias de produção e comercialização da sua empresa. O Grupo MPE detém 70% do capital social da AAT sendo a responsável por todos os investimentos realizados. O restante da sociedade é composto por empresários norte-americanos detentores do know how na produção e processamento de tilápias e trutas. Neste primeiro ano, a AAT estará processando cerca de 1.250 toneladas de tilápias provenientes de seus raceways, acrescidas das que serão produzidas pelos produtores da região, preparados para atuar em parceria com a empresa. Em Indaiatuba foram mostrados detalhes da moderna planta de processamento que ora vem sendo colocada em marcha, voltada para alcançar um padrão de qualidade capaz de atender ao mais exigente cliente do mercado internacional. Segundo Roseane Patriota, a AAT tem como mercado alvo os EUA, onde pretende colocar até 98% da sua produção, já que “o custo de produção dos peixes é muito alto e o mercado interno não remunera bem o produtor de tilápia”. Falando da dura realidade do mercado globalizado, disse que já vai longe o tempo onde os custos de produção definiam o preço final do produto. Hoje, o preço do produto é que irá definir as margens dos custos de produção. Roseane defendeu também a tese de que a tilápia produzida e processada com determinados padrões de qualidade não é um pescado para ser consumido pela população mais pobre, sendo sempre preciso encontrar os nichos que paguem melhor pelo produto. E porque EUA? “Simplesmente porque reconhecem o valor do peixe e pagam US$ 16 por um prato de filé de tilápia de 150 gramas vindo, hoje, da Costa Rica”. Roseane terminou sua apresentação deixando no ar um trecho de Lewis Carol, em Alice no País das Maravilhas – Você poderia me dizer que caminho devo tomar? Isso depende de onde você quer chegar, respondeu o gatinho Cheshire. Bom para refletir.

A presença internacional ficou por conta das palestras de Santiago Caro, Diretor de Informações Comerciais da Infopesca e Félix Gómez, da Pesquera Pacif Star. Santiago Caro mostrou os detalhes do mercado internacional, com os volumes comercializados nos principais países consumidores e as rotas que partem dos principais países produtores. Já Félix Gómez, fez uma resenha dos passos que a aqüicultura chilena trilhou desde 1969 até ocupar a liderança que ocupa hoje na América do Sul, principalmente após o surgimento em 1980 da Fundação Chile. Os investimentos permitiram que o Chile exportassem, em 2001, 300 mil toneladas de salmão e trutas. O Japão, que em 1992 comprou 160 milhões fob de pescados chilenos, em 2001 importou US$ 440 milhões. Os EUA, que em 1992 haviam importado US$ 75 milhões, importou 360 milhões em 2001 e, a União Européia que em 1992 importou “traços”, em 2001 importou US$ 75 milhões. Um bom dever de casa.

Silêncio nervoso na platéia aconteceu quando Jorge Giglio, da Pezpan Comércio Internacional, empresa especializada na importação de pescados, falou com orgulho do esforço que é feito há 5 anos por um grupo de importadores para zerar o ICMS da merluza importada da Argentina a US$ 1.500 a tonelada. A mesma que chega às lojas com a “qualidade” prejudicada pelo forte cheiro de urina, e que mesmo assim insistem em dizer que é o concorrente direto do filé de tilápia.

US$ – Os recentes aumentos do preço da ração, ao redor de 10%, foram explicados por Gustavo Bozano, pelo fato de que quase 95% dos insumos utilizados na elaboração das rações para organismos aquáticos estarem com seus preços dolarizados, mesmo aqueles que o Brasil produz com eficiência, como é o caso da soja.

Conteiners – O diretor da empresa Plurimar, de Porto Alegre-RS, Dimitri Dzioubanov, afirmou que sua empresa já exportou este ano para o mercado norte-americano, seis containers de 22 toneladas cada, de filés de tilápia, todas provenientes da região oeste paranaense.

Peixe x Frango -A Anfal divulgou os preços médios das rações. Apesar das rações de pescado serem as mais caras entre as demais (R$ 652,04/tonelada), o segmento foi um dos que menos sofreu aumento de janeiro a outubro deste ano (45,5%). No mesmo período as rações para frangos subiram 66,47% e para terminação de suínos 62,26%.

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Merenda Escolar – O produtor capixaba Sarandi Sarmento disse que na cidade de Afonso Cláudio no Espírito Santo, o prefeito determinou que, pelo menos uma vez por semana, a merenda escolar tenha filé de peixe. Sarmento propôs aos presentes ao evento que essa idéia fosse encaminhada formalmente às autoridades, para que o exemplo possa se multiplicar por muitos municípios do país.Conteiners – O diretor da empresa Plurimar, de Porto Alegre-RS, Dimitri Dzioubanov, afirmou que sua empresa já exportou este ano para o mercado norte-americano, seis containers de 22 toneladas cada, de filés de tilápia, todas provenientes da região oeste paranaense.

Pacu – O representante da Delicius Fish defendeu o cultivo de pacu afirmando que os peixes, mesmo alimentados com ração, deixam uma margem de lucro de 30% se vendidos a R$1,50 para os frigoríficos.

Sebrae – O Sebrae do Ceará, representado por Raimundo Braga Lobo,  propôs que se faça uma reunião em Fortaleza, para que junto com o Sebrae nacional sejam delineadas estratégias que alavanquem a aqüicultura nacional.