Controle Intensivo de Viveiros

Por: Roberto Roche Moreira Ir. Biólogo


O controle mais intenso dos viveiros de camarão é uma necessidade do ponto de vista econômico em todos os locais onde a atividade encontra-se em expansão. Em muitos países, o custo da terra para a instalação de viveiros alcança valores bastante elevados com reflexos diretos nos custos fixos de produção.

Levando-se em conta que as despesas para a instalação de viveiros também são altas, a eficiência dos cultivos torna-se imprescindível para que a produção tenha condições de competitividade no mercado interno e internacional.

A forma mais simples de reduzir o tempo de retorno dos investimentos nas fazendas camaroneiras, constituídos por parcelas fixas – aquisição de terras e despesas de instalação – e variáveis – pós-larvas, rações, energia etc – é a instalação dos viveiros com vistas ao aumento da produtividade.

Um bom exemplo é a comparação entre os índices obtidos em Taiwan e Equador, países onde o cultivo de camarões tem expressão econômica. No país do Oriente uma área bem localizada e apropriada para o cultivo alcança 100 a 200 mil dólares por hectare, enquanto que no Equador o preço da terra, em condições semelhantes, não chega a mil dólares por hectare. A diferença gritante de custo de terra é compensada pela produtividade. Em Taiwan ela varia de 12 a 15 mil quilos/hectare/ ano e chega a ser 30 vezes maior do que no Equador, onde oscila de 500 a mil quilos/ha/ ano.

No Brasil as áreas adequadas para o cultivo de camarões ainda são extensas, principalmente nos estados do Nordeste, e os preços bem inferiores aos praticados em outros países. Essa vantagem pode tornar-se um atrativo para a atividade e permitir maior competitividade, como já ocorre em empreendimentos que adotam tecnologias avançadas e modernas.

Intensificação x Lucro

O único problema para a intensificação do controle está no aumento dos custos variáveis. Ração, aeração e qualidade de água são fatores que devem ser harmoniozamente complementados na medida em que a densidade aumenta. A necessidade de ração aumenta diretamente com o aumento da população como decorrência da redução de disponibilidade de organismos naturais, em quantidade e qualidade, para a alimentação dos animais em viveiros.

Em locais onde os custos fixos são mais elevados o controle intensivo é menos rentável por viveiro e a forma de se buscar a redução desses custos está no aumento do número total de viveiros na propriedade. Contudo, existe o risco de ocorrer uma intensificação excessiva a ponto de inviabilizar o empreendimento pela reduzida margem de lucro.

Um exemplo de insucesso de sistema super-intensivo ocorreu no Japão – estilo Shigueno – onde a produção alcançou quase 20 mil kg/ha por safra e enfrentou problemas financeiros com elevação dos custos de energia.

Como conseqüência do crescimento da agricultura e do aumento da oferta de alimentos durante a década de 90, esperase uma queda no preço do camarão, o que pode aumentar o risco de sobrevivência das fazendas super-intensivas se não houver uma redução correspondente dos custos de produção.

Diante de tantas variáveis, algumas inclusive fora de controle previsível, a solução mais sensata para as fazendas camaroneiras no Brasil e de outros países parece ser a intensificação moderada. Os projetos devem partir de níveis semiintensivos (500 a 1.500 kg/viveiro/safra) para gradualmente atingirem produções de 2 a 4 mil kg/viveiro/safra. Esse crescimento depende de aumento da densidade populacional para 20 a 40 animais por metro quadrado e o uso de ração de alta qualidade, além de aeração e troca de água sob rigoroso controle.

Seleção de Espécies

Observações realizadas em fazendas intensivas permitiram constatar que todas utilizavam o P. vannamei para produção. Esta espécie suporta uma variedade de condições e não é, proporcionalmente, afetada com o aumento da densidade. Também foi observado que o crescimento dos animais diminui significativamente quando eles atingem 18 a 22 gramas.

Estudos e experiências que vêm sendo realizadas com diferentes espécies indicam que o P. monodon é bastante promissor para cultivos intensivos com densidades entre 20 e 40 animais por metro quadrado. Predominante nos cultivos de Taiwan, o P. monodon tem um bom desenvolvimento e alcança de 30 a 40 g. Embora esta espécie não tenha sido utilizada pelas fazendas americanas no último ano, basicamente pela reduzida disponibilidade, a Orca Sea Farms iniciou testes de engorda e recentemente começou a venda de pós-larvas certificadas contra o baculovírus e contra o vírus IHHN.

O cultivo do P. monodon, também conhecido como tigre negro ou camarão de grama, deve ser iniciado este ano por diversas fazendas por ser a espécie que apresentou melhor crescimento a níveis médios de salinidade – 15 a 20 ppm – e com dieta prática de 35 a 40%.