A tailandesa Charoen Pokphand Foods (CP Foods), um dos principais conglomerados agroindustriais e alimentícios do mundo, presente em 17 países, adquiriu uma participação da Camanor Produtos Marinhos, um dos maiores produtores e processadores de camarão do Brasil, localizada no Rio Grande do Norte. Em comunicado, Adirek Sripratak, presidente do comitê executivo da CP Foods, disse que a empresa adquiriu um total de 4,6 milhões de ações ordinárias, representando 40% do capital total da Camanor, no valor de US$ 17,5 milhões.
“É o investimento em sinergia que fortalecerá a competitividade da CP Foods no negócio de camarão, em termos de produção de ração, melhoramento genético e capacidade de processamento, aplicando o expertise da Camanor na tecnologia de cultivo de camarão somada à experiência da CP Foods em genética”, disse Sripratak.
À Panorama da AQÜICULTURA, o diretor e fundador da Camanor, Werner Jost, também falou sobre a importância da união entre as duas empresas. “Nesse momento, a genética é decisiva para que a Camanor se torne competitiva a nível mundial. Hoje, nossos animais crescem 1,5 g por semana em densidades de 250 a 400 animais por m², e esperamos que, com a importação da genética da CP Foods, haja um crescimento muito maior. Os tailandeses dizem que seus melhores animais crescem até 7 g. Se tivermos 3 ou 4 g por semana, ja será um aumento incrível! A tecnologia deles na área da genética é fantástica, e talvez sejam a melhor empresa do mundo neste área. Para nós da Camanor, foi estratégico e essencial fechar negócio com eles”, explica.
Segundo Werner Jost, outro ponto importante é o conhecimento da CP Foods na fabricação de ração. “Eles são muito fortes na China, não só no que diz respeito à camarão, como também em aves e suínos. Possuem um conhecimento enorme tanto na reprodução de animais quanto na produção de pós-larvas. Espero poder aproveitar esse momento, aprender com eles e unir esse aprendizado à nossa tecnologia Aquascience. Certamente as duas empresas juntas ficarão mais fortes”, ressaltou. A expectativa é de que os próximos anos sejam de muito sucesso. “Com esse ganho de eficiência, que resultará na queda de custo de produção, espero ter a possibilidade de voltar novamente ao mercado mundial ao longo de dois ou três anos. Hoje, do jeito que está, fica muito difícil exportar”, declarou.
Previsão é de produzir 15 mil toneladas de camarão por ano
O diretor da Camanor afirma que a importação da genética da CP Foods será feita oficialmente. “Está sendo criada uma estrutura para importar os animais, e será construído um quarentenário dentro dos conceitos do MAPA. Tudo dentro da lei. Talvez leve um ano ou dois para conseguirmos usufruir dessa genética nova”, completou.
Entre os futuros planos da empresa estão investimentos na Fazenda Cana Brava, que atualmente produz em 20 hectares de área de engorda, em alta densidade. “Em breve, serão implantados mais 27 hectares, utilizando a tecnologia Aquascience geração 4. Com esses 47 hectares em funcionamento, a Camanor espera produzir cerca de 15 mil toneladas de camarão por ano”, afirmou. “Atualmente todo camarão produzido pela nossa empresa é processado e vendido congelado no mercado doméstico. A decisão de não exportar se explica pelo fato de que a demanda no Brasil tem estado muito forte. E como o câmbio não estava favorável, não compensava exportar. Além disso, há também questões com o MAPA, que suspendeu a exportação de todos os produtos, provenientes da aquicultura e da pesca, para a Europa”, revelou Werner Jost.