DEFESO DO CAMARÃO MARINHO E AQÜICULTURA

Por: Jomar Carvalho Filho – Biólogo


Começou no último dia 15 de fevereiro o período de defeso do camarão marinho, como determinou a portaria do IBAMA nº 2171, de 22/01/1991. Assim fica proibida até o dia 15 de maio a pesca de camarão na área compreendida entre a divisa dos Estados da Bahia e Espírito Santo e a Foz do Arroio Chui – RS, a transporte, a estocagem e a comercialização também não serão tolerados neste período sem a devida comprovação da origem do produto.

Durante os meses de defeso, em decorrência do desaparecimento do camarão marinho no mercado, os criadores de camarão de água doce encontram as melhores oportunidades para comercializar seus produtos. Além disso, é nesta época que o consumo aumenta em função das férias de verão, onde os restaurantes e hotéis recebem um número consideravelmente maior de frequentadores. Também neste período incluem-se as festas de Páscoa tradicionalmente favoráveis ao consumo.

Mas após estes três meses de boas vendas, ocorre a voltado camarão marinho ao mercado e o produtor de camarão de água doce sente os desagradáveis efeitos da forte concorrência.

No ano passado, por exemplo, no mês de abril em plena vigência do defeso, o camarão marinho fresco, que não deveria estar sendo comercializado, continuou sendo ofertado em escala bem mais reduzida e a preços bastante elevados chegando a Cr$ 2.200,00 o quilo para os restaurantes.

Na mesma ocasião o Macrobrachium rosenbergii alcançou ótima aceitação (padrão 14 por quilo), vendido a Cr$ 1.250,00, embora o seu custo de produção oscilasse entre Cr$ 280,00 e Cr$ 320,00, o que permitia uma excelente margem de lucros.

Mas nos primeiros dias que se seguiram ao término do período de proteção, o camarão do mar (14 por quilo) despencou para 400,00 no atacado e passou a ser oferecido aos hotéis e restaurantes a Cr$ 650,00, fazendo com que o camarão de água doce perdesse totalmente o mercado conquistado.

DESAFIO

Esta experiência de 1990 não deve ser esquecida e dela devemos tirar algumas conclusões:

• Sabemos que o cultivo do camarão de água doce é uma atividade próspera.

•As técnicas de cultivo se aprimoram dia após dia com vários centros de pesquisas, no Brasil e no exterior, desenvolvendo novas e mais eficientes técnicas de produção.

• A indústria de apoio já produz equipamentos específicos para aumento de produtividade, como aeradores para viveiros, kits para controle da qualidade da água e redes especiais para amostragem e despesca .

• Vários fabricantes de ração já fazem balanceamentos especiais para o camarão da Malásia.

Mas, apesar disso, o mercado ainda é o desafio, o produtor deve se conscientizar que está nele para vender o ano todo e não somente no período de defeso, portanto não deve perder os bons contatos adquiridos nesta ocasião. O preço deverá ser fruto de estudos sérios, tomando-se por base os custos de produção das fazendas. Já é hora do produtor de camarão da Malásia perder o hábito de tomar o preço do camarão do mar como parâmetro para o seu produto, mesmo porque quando o preço deste cai, este mesmo produtor se recusa a acompanhá-lo preferindo até não vender.

Os efeitos dos defesos passados e futuros irão se refletir numa crescente oferta de camarões marinhos ao longo dos próximos anos. Os preços serão armas poderosas e o produtor terá que obrigatoriamente produzir com custos menores para ser competitivo, pois o mercado exige fornecedor firme e confiável para o ano todo.