A aqüicultura desponta no oeste do Paraná como uma atividade comercial que a cada dia mais se assemelha às criações tradicionais. Para esta matéria o Panorama contou com a colaboração do engenheiro de pesca Sérgio Makrakis, extensionista do Escritório Local de Marechal Cândido Rondon da EMATER-PR que nos relatou o estágio atual da piscicultura no Oeste do Paraná onde a primeira unidade de beneficiamento de pescado oriundo da aqüicultura já está sendo construída para dar suporte e estimular ainda mais os produtores locais. A Força do Associativismo Pelo fato de ter provado em diversas oportunidades sua viabilidade técnica-econômica a piscicultura no oeste do estado atraiu o interesse e o apoio de vários segmentos da sociedade tais como a Secretaria de Agricultura do Paraná, a Emater, prefeituras e imprensa. O associativismo desempenha um papel importantíssimo nesta estrutura.
A AQUIOPAR – Associação dos Aqüicultores do Oeste do Paraná, com 231 associados, congrega cinco associações municipais – AQUIMAR do município de Marechal Cândido Rondon, APAQUI de Palotina, ATAQUI de Tupãssi, APROPI de Toledo e AQUAMI de Missal. As Bases da Produção A região conta com 700 ha de lâmina d’água apoiados em 10 laboratórios particulares de produção de alevinos que operam de setembro a abril. Mesmo assim os produtores ainda encontram na disponibilidade de alevinos um dos pontos de estrangulamento devido a alta demanda. Os produtores da região contam com o apoio da EMATER-PR, que dispõe de 2 engenheiros de pesca e outros oito profissionais, e do Instituto Ambiental do Paraná que, além de 3 engenheiros de pesca, possui 5 técnicos de nível médio lotados em prefeituras que dão apoio a atividade. A média de produtividade da região está em 3 ton/ha/ano, variando de 2 até exepcionalmente 17 t/ha/ano. Os técnicos estão conduzindo um experimento onde pretendem atingir a marca das 30 t/ha/ano com auxílio de comedouros semi-automáticos e ração balanceada por uma cooperativa local. As principais espécies criadas são a tilápia (pelo excelente filé), carpa comum var. húngara (a mais cultivada), carpas chinesas, pacu, catfish e clarias.
O Impulso do Financiamento “Panela Cheia” A região, que possui a maior concentração de suinocultores do país, já planeja desenvolvimentos no campo do consorciamento. Ressalte-se os incentivos do Governo do Estado que, através da Secretaria de Agricultura (SEAB), está subsidiando em 50% o pequeno produtor e em 30% o médio produtor na construção de tanques de piscicultura. Outro apoio é o Programa Panela Cheia, que financia através da equivalência por produto, a implantação de projetos de tanques-rede e piscicultura em viveiros escavados, financiando a construção de tanques e viveiros, além de unidades de beneficiamento, ração e equipamentos. O produtor pode financiar o equivalente a até 1.000 sacas de milho com prazo de pagamento de 3 anos, incluídos até 12 meses de carência, com pagamento em parcelas anuais e juros de 9%ao ano.
Comercialização e Preços Muitos criadores comercializam sua produção através do sistema pesque-pague aonde o filé de tilápia tem grande saída. Mas a maior parte da produção tem sido comercializada diretamente nas propriedades, nos pesque-pague (mais de 15 na região), feiras e supermercados, principalmente na Semana Santa. O excesso de produção concentrado neste período motivou as associações a discutirem alternativas como a exportação para outros centros consumidores, bem como uma padronização na qualidade e uma oferta em base contínua. Para atender a estas necessidades está sendo construída na cidade de Palotina, com o apoio da prefeitura municipal, uma unidade de processamento capaz de transformar 800 quilos/dia de pescados em fishburger, filés, defumados, patês etc. De acordo com Carlos Piovesan, presidente da AQUIOPAR, a Secretaria de Agricultura do estado já repassou as verbas para compra de equipamentos de conservação e transformação e serão empregadas inicialmente 15 pessoas que trabalharão nas áreas de transformação, fomento e administração.