Para o bem e para o mal, a facilidade com que se posta informações no espaço livre e democrático da internet só não é maior que a facilidade de compartilhá-las.
Uma enxurrada de conteúdos de todas as áreas do conhecimento é disponibilizada a todo o momento, deixando os usuários com a difícil tarefa de filtrar o que é relevante e descartar o que pode resultar em equívocos e prejuízos. Criação de peixes utilizando sistemas de recirculação em caixas d’água é um desses temas que tem agregado um bom número de pessoas em grupos de aplicativos, que usam vídeos da web ou programas de TV, para se orientarem. O material compartilhado nesses grupos, no entanto, mostra uma enorme inconsistência de conhecimentos, que são postados como verdades absolutas. Nesta edição, o artigo de Fernando Kubitza trata desse fenômeno da web e disponibiliza os conhecimentos imprescindíveis para quem deseja levar a sério a criação de peixes e camarões em sistemas de recirculação (SRA) ou bioflocos (BFT).
A sustentabilidade na aquicultura é outro tema também presente nas próximas páginas. Entender por que o termo “sustentável” ficou tão na moda é tão importante quanto conseguir avaliar o quão sustentável é um sistema de produção aquícola. As pesquisadoras Fabiana Garcia, do Instituto de Pesca, e Janaina Kimpara, da Embrapa, nos dão as boas vindas sobre esse assunto e explicam os métodos existentes para avaliar o grau de sustentabilidade na aquicultura, e aproveitam para apontar as impensáveis vantagens que o produtor pode ter se o seu sistema de produção for, além de sustentável, bem avaliado.
E, como prometido na nossa última edição, trazemos pelas mãos do especialista Martin Halverson, o tema da diversificação na aquicultura que, em julho de 2016, foi eleito para ser discutido por especialistas em evento da FAO, realizado na sua sede em Roma.
Na ocasião, foram colocados na mesa os inúmeros fatores capazes de impactar e ameaçar a atual produção aquícola mundial, bem como a forma como a diversificação das espécies aquícolas pode ser uma importante ferramenta para a solução de problemas. No Brasil, esse tema ganha enorme relevância diante de ameaças como a TiLV, um vírus capaz de causar grande impacto na nossa tilapicultura, e que já se encontra bem próximo das nossas fronteiras. Aliás, ainda sobre a TiLV, nesta edição trazemos as últimas informações sobre esse vírus, no artigo escrito pelo professor da UFMG, Henrique Figueiredo, que acaba de chegar da China, onde participou de um curso avançado sobre TiLV. O evento, promovido pela FAO, envolveu aspectos de patologia da doença, diagnóstico laboratorial, elaboração de planos de contingência para países livres do patógeno ou em etapas iniciais da epidemia.
Na nossa matéria de capa, o leitor vai se deparar com uma radiografia da produção da piscicultura no reservatório de Três Marias, em 2017, ocasião em que um crescimento súbito de 68% apenas no município de Morada Nova de Minas mexeu com o mercado, desestruturou pequenos produtores e trouxe à luz, a necessidade de informar a todos os produtores de uma região, a quantidade de alevinos que foram ou serão estocados. O objetivo é que cada produtor possa, diante da oferta de peixe gordo nos meses seguintes, montar a sua estratégia de comercialização.
Com todos esses temas e muito mais, é com muita satisfação que deixo essa edição em suas mãos, junto com meus sinceros votos de uma boa e útil leitura.