Editorial – edição 109

JomarEditorial104

Não há dúvidas de que estamos diante de um cenário que permitirá, num curto espaço de tempo, uma mudança significativa no atual perfil da produção de pescados no Brasil.  Contrapondo as várias manchetes sobre a crise mundial publicadas na grande imprensa, o segundo semestre do ano chegou para o setor aqüícola brasileiro com boas notícias. Em setembro, no Ceará, dando continuidade ao programa de legalização dos cultivos nas águas da União iniciado no reservatório de Itaipu, o ministro da SEAP, Altemir Gregolin, fez a entrega dos títulos de cessão não onerosa de áreas do Açude Padre Cícero, mais conhecido como Castanhão. Agora, 647 famílias moradoras do entorno do açude, boa parte delas já produtoras de tilápia em tanque-rede, passarão a cultivar seus peixes de forma totalmente legalizada pelos próximos 20 anos. Esses aqüicultores terão acesso a todos os benefícios que a legalização pode lhes trazer, principalmente o acesso ao crédito.

A solenidade de entrega dos títulos de cessão foi realizada em Nova Jaguaribara, cidade construída para abrigar os atingidos pela construção do Castanhão, ocasião em que também foi assinada uma nova licitação para o mesmo açude, dessa vez onerosa. O que se viu pouco mais de um mês depois, em 14 de outubro, foi a abertura dos envelopes dessa nova licitação, revelando uma outra leva de aqüicultores do Castanhão, já totalmente legalizados pelas próximas duas décadas.

A ocupação das águas públicas pela aqüicultura é uma conquista de todo setor, mas é inquestionável o mérito da SEAP em todo o processo. O que para muitos pode parecer uma simples obrigação do órgão foi, na verdade, o resultado de um trabalho cansativo de anos, empreendido pelos técnicos da SEAP, que souberam contornar com competência as dificuldades que pareciam crônicas. Uma luta contra a burocracia burra, e contra os não menos burros interesses contrários ao uso das águas da União para as atividades aqüícolas. Esses méritos não devem ser esquecidos nesse momento em que o setor deseja ver a SEAP transformada em ministério.

Mas, como a vida não é feita só de boas notícias, a suspeita da presença do vírus da Mancha Branca nos viveiros de Canavieiras, no sul da Bahia, deixou tensos os carcinicultores de todo o Nordeste. Até o fechamento desta edição, o laboratório da Universidade Federal de Santa Catarina, único no Brasil credenciado pelo Ministério da Agricultura para realizar as análises, ainda não havia liberado nenhum resultado oficial da investigação. Entretanto, análises realizadas por outros laboratórios não credenciados já apontam a presença do DNA do vírus nas amostras da região. A notícia, é claro, põe em estado de alerta toda a carcinicultura brasileira, que ainda não carece de informações sobre medidas pragmáticas para deter o avanço do vírus, como as barreiras sanitárias e a certificação sanitária dos laboratórios produtores de pós-larvas.

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A partir deste mês de novembro nossa redação estará sediada no Bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, em um novo espaço que nos permitirá alçar vôos maiores. A mudança do escritório faz parte da estratégia adotada pela Panorama da AQÜICULTURA para consolidar ainda mais a nossa presença junto à você, leitor. Na nova sede os nossos planos são muitos e neles incluímos, para breve, alguns cursos e workshops com especialistas, lhe proporcionando facilidades que permitam encontrar a informação que você deseja e o conhecimento que você precisa.

A todos, boa leitura.

Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor