Editorial – edição 113

JomarEditorial104Uma sensação de déjà vu foi o que senti em Itajaí, na platéia assistindo o presidente Lula anunciar a criação do Ministério da Pesca e Aquicultura. Já tinha vivido aquilo antes e achava que não me emocionaria novamente diante de um segundo anúncio do Ministério, já que eu havia estado há um ano em Salvador.

Se justificava plenamente o entusiasmo e a alegria de todos os presentes no Parque da Marejada, um local de grande importância por ter servido de QG no socorro às vitimas das enchentes que Itajaí sofreu em novembro passado. Foi impossível não me emocionar. Ninguém ali, inclusive eu, tinha dúvidas de que a criação da nova pasta trará benefícios extraordinários à pesca e à aquicultura.

O feito de Lula merece elogios por acontecer num momento de disputas acirradas entre governo e oposição. Muitos não acreditavam que isso seria possível, e Lula surpreendeu. Seu interesse e compromisso com a oferta de pescado ao povo brasileiro merecem reconhecimento. O Presidente não apenas criou a SEAP, colocando-a debaixo do guarda-chuva da Casa Civil, como agora lhe assegura um endereço mais sólido na Esplanada dos Ministérios, difícil de ser demolido com “canetaços”, nas palavras do ministro Gregolin. A expectativa é grande, porque há muita coisa a ser feita.

Vinte anos à frente da revista Panorama da AQÜICULTURA, e ainda procuro entender quais as razões que levam grupos organizados a moverem ações contrárias à produção de pescado pela aquicultura, e até mesmo a fazerem articulações para que não se criasse o MPA. Da mesma forma, não entendo também porque esses mesmos grupos não promovem campanhas que procurem deter práticas extrativistas, sejam junto ao litoral ou em alto mar, que tanto colaboram para o rápido declínio dos estoques pesqueiros. Concordo com um grande amigo, veterano engenheiro de pesca, que comentou com sabedoria ao olhar o mar: “é como um grande pesque-pague em que o peixe está quase acabando.”

Além da cobertura da cerimônia de criação do MPA, o leitor encontrará também nesta edição excelentes conteúdos, como o sexto artigo da série “Manejo na Produção de Peixes” escrito pelo Fernando Kubitza; as conquistas tecnológicas alcançadas pela truticultura brasileira desde que a truta foi introduzida no Brasil, e a entrevista que fiz com Robins Mcintosh, vice-presidente do maior grupo tailandês produtor de camarão.

E, para aqueles que se interessam pela diversificação da produção aquícola, publicamos também dois excelentes artigos: um sobre a produção de larvas do caranguejo-uçá e outro sobre o cultivo de cavalos-marinhos em tanques-rede.

A todos uma ótima leitura.

Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor