Editorial – Edição 125

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Dois dias antes de deixar o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) para ocupar a pasta do Ministério das Relações Institucionais (MRI), Ideli Salvatti pode colher um pouco do carinho e os aplausos do setor aquícola, resultado da sua dedicação nos primeiros seis meses de trabalho à frente do MPA.

Ao discursar para uma plateia lotada durante a cerimônia de abertura do maior evento da aquicultura mundial, o WAS/Fenacam 2011, realizado em junho, em Natal – RN, a então ministra falou com gosto e propriedade sobre temas que mergulhou de cabeça nos últimos meses, e que tanto interessam a quem está envolvido com a produção aquícola nacional. Sem medo de melindrar sua relação com o setor pesqueiro extrativista, Ideli falou sobre a sua convicção de que a única forma de colocar o pescado com abundância no prato do brasileiro é através do fortalecimento de políticas que permitam a expansão das fronteiras aquícolas. Falou também da sua determinação para “destravar tudo que emperra e impede os aquicultores de fazer o que sabem fazer bem”. A ex-ministra certamente estava se referindo a luta que vinha travando para reduzir a burocracia na liberação das licenças ambientais e, desta forma, dar ao produtor condições para investir em seu negócio sem medo de ser autuado.

O entusiasmo das suas palavras não demonstrava que Ideli Salvatti estivesse se despedindo do cargo. Seus planos de trabalho para o setor aquícola não eram os de quem estava antevendo o que lhe destinava a Presidente Dilma, dois dias depois.

O fato rendeu um dia inteiro de burburinhos nos corredores da WAS/Fenacam. Ninguém acreditava que aquela mulher que acabara de se comprometer ainda mais com a aquicultura brasileira, estava abandonando o barco. Naquela altura dos acontecimentos, ninguém sabia que o mesmo convite que levou Ideli para o MRI, serviria também para trazer Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira, titular do MRI, para ocupar a pasta do MPA. Uma simples troca.

Nos seus primeiros pronunciamentos e entrevistas, o novo ministro tentou mostrar alguma intimidade com a pesca extrativista, principalmente a do Município de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro, onde já foi prefeito. Sobre a aquicultura, pouco falou. Mas, ainda é cedo para comentários acerca da atuação de Luiz Sérgio. O setor aquícola espera silenciosamente.
A todos uma boa leitura

Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor