Até ser convidado pelo biólogo Alexandre Godinho Cruz, um amigo de longa data, a visitar o jovem Estado do Tocantins, não podia imaginar o cenário maravilhoso que encontraria.
Fartura de água, topografia ideal para a construção de viveiros e açudes, um clima único para o cultivo dos peixes tropicais nativos e, principalmente, uma determinação em desenvolver a aquicultura, tanto do governo estadual quanto do setor produtivo, poucas vezes vista em outros estados. E foi fácil perceber que a aquicultura tocantinense tem dado resultados positivos. Antes conhecido por ter as normas ambientais mais restritivas do Brasil, que acabavam por inibir os empreendedores locais, o estado, desde o final do ano passado, abriu os seus horizontes para a prática de uma aquicultura responsável, alicerçada por critérios ambientais bem concebidos, que culminaram com a publicação da Resolução 27 do Conselho Estadual de Meio Ambiente. Esse marco na história da aquicultura tocantinense só foi possível graças ao desejo do governo do estado em colocar na mesma mesa, junto com o Naturatins, seu órgão ambiental, representantes de todos os setores envolvidos com a aquicultura, inclusive a Embrapa Aquicultura e Pesca, que está prestes a inaugurar suas instalações de pesquisa na capital Palmas. Isso tudo significa regularização, licenciamento ambiental, que por sua vez traz o crédito e investimentos na produção, que certamente farão com que a piscicultura tocantinense cresça de forma madura e sustentável. O leitor vai encontrar no artigo “Tocantins – O cenário perfeito para uma produção sustentável”, capa desta edição, todos os detalhes do processo que levou a essa transformação.
Enquanto isso, o setor produtivo se refaz do susto decorrente da súbita saída de Luiz Sérgio e da posse do senador Marcelo Crivella como ministro da pasta. Luiz Sérgio sai sem deixar vestígios ou efetivas contribuições para a aquicultura brasileira, e Marcelo Crivella assume, confessando nada entender do assunto, mas prometendo dedicação e empenho. O tempo dirá.
A mudança mais sentida pelo setor, no entanto, foi a saída do Secretário de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura do MPA, Felipe Matias que, ao deixar o cargo, nos concedeu uma franca e interessante entrevista falando da sua experiência nos últimos sete anos, desde a SEAP até o MPA.
Tudo isso e muito mais nas páginas a seguir.
A todos uma boa leitura.
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor