Editorial – edição 133

55Editorial_JomarA salmonicultura chilena ressurgiu com vigor no cenário aquícola mundial produzindo acima do que produzia antes de ser nocauteada pelo vírus da ISA. Isso era esperado, mas não antes de 2015.

Por trás dessa grande conquista está a união dos aquicultores com o governo, que estabeleceu normativas e atribuições que convergiram nessa rápida volta por cima.
Por serem extremamente competitivas, as empresas salmoneiras receberam o apoio dos bancos e da indústria de alimentos no momento em que estavam fragilizadas e, por isso mesmo, precisavam investir em novas estruturas que lhes assegurassem uma produção mais sustentável e biossegura. Aliás, quem foi a Aqua Sur, em Puerto Montt, pode constatar que “biossegurança” é a palavra do momento no país. Na feira não eram poucos os estandes que ofereciam produtos ou serviços destinados à proteção sanitária das instalações da cadeia produtiva do salmão.

Estando no Chile, foi inevitável comparar a forma como o nosso país lida com uma situação crítica de doença. Por aqui os viveiros de camarão de Santa Catarina acometidos pelo vírus da mancha branca permanecem vazios, e olha que lá se vão quase dez anos. Lamentavelmente, os viveiros do Nordeste seguem pelo mesmo caminho. Fica ainda mais clara a certeza da importância de uma organização setorial, e do papel mediador e normativo que o governo deve ter, para que o setor aquícola do Brasil possa sair de uma enrascada sanitária desse porte.

E, por falar em medidas de governo, acabamos de ver anunciado pela Presidenta Dilma Roussef o Plano Safra 2012-2013, que oferece 4,1 bilhões para a aquicultura e a pesca. Para quem não acompanha atentamente este tema, esses anúncios têm sido feitos todos os anos, nos 12 últimos anos, mas até hoje, infelizmente, esses recursos milionários não se transformaram em pescado cultivado e tampouco mudaram ou aceleraram o ritmo da aquicultura no Brasil. Praticamente nenhum centavo das linhas de crédito que vêm sendo oferecidas foi tomado pelos aquicultores, simplesmente porque eles não possuem licença ambiental, uma exigência fundamental para acesso aos recursos disponíveis.

Quando perguntei ao ministro Crivella, qual a sua expectativa acerca do percentual desses recursos que irão efetivamente parar nas contas dos aquicultores, já que historicamente não chega a 1% do valor anunciado, o ministro respondeu, sem pestanejar, que seriam 100% dos recursos. Se Crivella entendeu a minha pergunta, acho que em breve teremos boas notícias acerca dos licenciamentos ambientais da atividade. Durante a cerimônia de lançamento do Plano Safra, o ministro disse, inclusive, que muitos órgãos ambientais, por não licenciarem a aquicultura, “parecem ter feito um pacto com a fome”.

O lançamento do Plano Safra 2012/2013 é apenas um dos vários assuntos dessa edição, que traz como tema principal a virada da salmonicultura do Chile, país que ao exportar seu salmão, tem as mesas do Brasil como um dos principais destinos. Sobre os rumos atuais da nossa carcinicultura trazemos uma entrevista com o presidente da ABCC Itamar Rocha; publicamos também a opinião do professor Ronaldo Cavalli, da ufrpe, sobre a polêmica ao redor do cultivo do bijupirá, e muito mais.

A todos uma boa leitura,

Boa leitura,

Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor