Quando me preparava para a viagem de cobertura da Festa do Peixe em Maripá, e dos preparativos finais para o início do funcionamento do frigorífico da C.Vale, em Palotina, no oeste do Estado do Paraná, me dei conta das inúmeras vezes que visitei a região. Foi quando resolvi dar uma olhada no farto material que a Panorama da AQÜICULTURA já publicou sobre a piscicultura praticada por lá.
Em 1991, a cidade de Palotina já era a capa da revista, em matéria com produtores se reunindo em torno da possibilidade de criar o catfish americano. Em 1992, foi a vez do município de Marechal Cândido Rondon, também no oeste paranaense, ser manchete com a construção do primeiro frigorífico de peixes da região. Naquela ocasião, 25 anos atrás, já noticiávamos 700 hectares de viveiros em operação. No ano seguinte, 1993, publicamos que a Aquiopar – Associação dos Aquicultores do Oeste do Paraná, já reunia 386 piscicultores atuando em quatro municípios – Missal, Tupãssi, Cândido Rondon e Palotina. Em 1994 informávamos que os frigoríficos em operação já haviam estimulado o aparecimento de 2.000 hectares de viveiros. Neste mesmo ano, a edição n. 24 da Panorama da AQÜICULTURA trazia a íntegra de uma Resolução do governo paranaense que estabelecia normas para a produção e comercialização de alevinos, inclusive proibindo a reprodução de espécies exóticas cuja introdução no país não estivesse regulamentada, com exceção das já aclimatadas e difundidas; e proibia também a entrada no Estado, de alevinos sem certificação sanitária. Em 1995 já cobríamos o processamento diário de 3,5 toneladas de filés de tilápia em dois frigoríficos da região, um deles o Pisces, hoje ainda em funcionamento. Cobrimos também a briga pelo peixe. Com o boom dos pesqueiros paulistas, a fome por peixe vivo era tanta, que boa parte dos peixes do oeste paranaense era vendida viva, deixando os frigoríficos locais desabastecidos. Com isso muitos fecharam suas portas. Em 1995 noticiávamos também a formação de uma Câmara Setorial da Aquicultura no Paraná e, em 1996, demos destaque a introdução da tilápia chitralada, uma ação apoiada pela Alevinopar – Associação de Larvicultores do Paraná, que financiou a ida de técnicos ao AIT – Asian Institute of Technology, em Bangkok, Tailândia. Essas, entre tantas outras notícias, me mostraram a dinâmica dos produtores de peixe, que sempre souberam da grande vocação da região para a piscicultura.
Com isso tudo, quero dizer que o sucesso atual da piscicultura no oeste do Paraná, muito bem representado pela Copacol, que hoje coloca grandes volumes de tilápia nas principais redes de supermercado do país, e pela C.Vale, que segue a mesma trilha, se deve a sabedoria e ao esforço de muitos pequenos produtores, que por mais de duas décadas buscaram no associativismo a força para criar padrões de produção.
Desta minha última viagem a Palotina, trouxe para você leitor o tema da produção integrada de pescado, o mesmo sistema que faz do Brasil o principal exportador mundial de frangos, e que tem se mostrado muito eficiente na piscicultura.
Quanto a mim, me despedi mais uma vez do oeste paranaense com a certeza de que em breve vou retornar. Muitas coisas boas estão por acontecer, e ainda terei ótimas notícias para publicar.
A todos, uma ótima leitura.
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor