E a novidade anunciada foi o tanque-rede de pequeno volume
O ano era 1996, e fui a Piracicaba, SP, atendendo a um convite do professor Zico Cyrino para cobrir um Seminário que ele organizava no Departamento de Zootecnia da ESALQ. O evento girou em torno da presença do professor Rudolph Schmittou, da Auburn University, que na ocasião era também diretor da ASA – American Soybean Association (Associação Americana da Soja), em Pequim. Schmittou, patrocinado pela ASA, veio ao Brasil para divulgar um sistema de cultivo de peixes em tanques-rede de pequeno volume, uma novidade tecnológica que naquele momento florescia em alguns países, principalmente na China, e era visto como uma tendência para os anos que se seguiriam.
Na plateia da ESALQ representantes da academia, pesquisadores e alguns poucos produtores que tiveram, pela primeira vez, a oportunidade de conhecer os conceitos e detalhes técnicos que envolvem a utilização de tanques-rede, além dos resultados zootécnicos que esse sistema de cultivo era capaz de oferecer ao produtor.
Por tudo que assistimos nos últimos 25 anos, podemos hoje afirmar que esse evento foi um marco, um ponto de inflexão na história da jovem piscicultura brasileira; o momento em que surgiu a intensificação na nossa piscicultura, acompanhada de tudo que ela exige em termos de manejo diferenciado, insumos adequados e conhecimento técnico. Podemos até dizer que a popularização do uso de tanques-rede foi a mola que impulsionou as empresas de alimento. Na ocasião, muitas tiveram que sair da zona de conforto onde produziam fórmulas simples em peletizadoras, para a produção de rações completas extrusadas, próprias para peixes confinados em águas correntes, praticamente sem acesso ao alimento natural.
Depois dos tanques-rede, a intensificação na piscicultura do país seguiu ocupando outros ambientes, desde os tradicionais viveiros escavados, até os modernos sistemas de recirculação e BFT. Falo disso porque trago, com muita satisfação nesta edição, um artigo em que quatro sistemas intensivos de criação de tilápia são comparados em todos os seus aspectos. Uma leitura essencial para quem sabe que não pode obter resultados diferentes, fazendo do mesmo. Para mudar com segurança, porém, é preciso dados concretos e confiáveis, como os apresentados no texto.
Para você leitor, a certeza de que entregamos mais uma edição repleta de conhecimentos úteis, sempre no intuito de ajudá-lo na profissionalização da sua atividade.
A todos uma boa leitura,
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor