Carcinicultores, autores de artigo nesta edição, afirmam que é necessário desromantizar a abordagem da sustentabilidade a fim de ampliar as discussões e promover um diálogo construtivo entre os produtores aquícolas.
Tudo que envolve a busca pela sustentabilidade é de extrema importância para o futuro dos aquicultores brasileiros, porém, a abordagem desse tema enfrenta grandes desafios em tempos de polarização de ideias.
Falo isso por experiência própria. Ao compartilhar em grupos de Whatsapp um texto que aborda a necessidade de incorporar a sustentabilidade na produção aquícola, deparei-me com reações agressivas e até mesmo desrespeitosas. Os menos agressivos argumentaram que os defensores das práticas sustentáveis o fazem por falta de compreensão das dificuldades enfrentadas pelos produtores, se tiverem que respeitar todas as regras de uso dos recursos naturais. Alegam que sabem o que é melhor pra eles, e se acham no direito de explorar à vontade seus recursos naturais, com o argumento de que outros países já o fizeram. Por que então não podemos? – questionaram.
Por essas e outras, é preciso que fique claro que a busca pela sustentabilidade na aquicultura não visa impedir o avanço do setor, mas sim promover uma abordagem responsável e consciente. Até porque a adoção de práticas sustentáveis é fundamental para garantir a viabilidade econômica e social a longo prazo. E, por várias razões, a sustentabilidade tem que deixar de ser considerada um papo de ecochato ou ecoxiita.
Nesta edição temos o privilégio de publicar o artigo escrito a quatro mãos por Ana Paula G. Teixeira e Diego R. Maia, que relata a implantação e funcionamento de uma carcinicultura no Rio Grande do Norte, submetendo-a a uma certificação de sustentabilidade. Ana Paula e Diego são experientes, e já viram de tudo na carcinicultura. Conhecem quem produz muito, mas não consegue pagar as contas, e viram carcinicultores que já tiveram alta lucratividade às custas da degradação no ambiente de trabalho e agora não conseguem mais produzir. Mas, felizmente, também conhecem muitos que, como eles, já colhem com sucesso os frutos do equilíbrio entre resultados zootécnicos, resultados financeiros e ambiente de cultivo.
Esse excelente artigo mostra que a busca pela sustentabilidade nem de longe é obstáculo para o avanço do setor aquícola. Ao contrário, é uma garantia da sua continuidade e sucesso a longo prazo.
Eu também estou seguro de que, para avançarmos nesse sentido, é fundamental um diálogo aberto e construtivo entre os aquicultores brasileiros. É necessário compartilhar experiências, conhecimentos e boas práticas, em busca de soluções inovadoras e sustentáveis para os desafios que o setor enfrenta e enfrentará. Concordo plenamente com Ana Paula e Diego. É realmente imprescindível desromantizar a abordagem da sustentabilidade entre os aquicultores, superando a polarização de ideias. Precisamos enxergar que a sustentabilidade não é um entrave, mas sim uma solução para os desafios. Ao adotarmos práticas sustentáveis, estaremos contribuindo para a construção de um futuro próspero e equilibrado para todos.
A todos uma boa leitura.