Segundo os últimos números da FAO, em 1992 os países da América Latina e do Caribe, juntos, produziram através da aqüicultura, somente 1,93% de todo pescado cultivado no mundo.
Não coincidentemente, são esses os mesmos países que também ocupam os primeiros lugares em estatísticas menos nobres como a da fome, da miséria, da violência e de tantas outras mazelas sociais.
E, curiosamente, são países privilegiados geograficamente. Na sua maioria estão situados em regiões tropicais, com relevo generoso, excelentes bacias hidrográficas e muita mão-de-obra carente de trabalho e comida. Enfim, compõem um cenário ideal para o cultivo de peixes, camarões, algas, moluscos, etc.
Vale destacar que essa pequena produção, menos de 2% da produção mundial, contém um crescimento médio de 258% em relação ao ano anterior; crescimento esse empurrado pela florescente indústria chilena de salmonídeos e pela carcinicultura equatoriana.
Quanto ao nosso Brasil, a FAO revela que contribuímos com apenas 18,5% das 145.100 toneladas de peixes produzidos na região latino-americana em 1992. É muito pouco para as nossas possibilidades e quase nada para as nossas necessidades de produção de alimentos.
Mas, novo governo, novas esperanças.
Emissários de FHC já estão percorrendo o país de ponta a ponta, nas diversas bacias hidrográficas, buscando informações junto aos produtores, associações e universidades, para avaliar de perto a situação da aqüicultura brasileira.
Um desses emissários é o Dr. Miguel Petrere, da UNESP de São Carlos, consultor do Ministério do Meio Ambiente. Petrere certamente se deparará com o problema do crédito, da formação de mão-de-obra técnica, pesquisa e extensão, algumas das muitas dificuldades encontradas pelos produtores.
É bom saber que em fevereiro o novo presidente deverá estar recebendo em suas mãos os subsídios para a nossa tão desejada Política Nacional de Aqüicultura.
À todos, boa sorte e um feliz 1995.
Jomar Carvalho Filho – Editor