Editorial – edição 50

Terminamos 1998 com a boa notícia do Decreto 2.869 assinado pelo Presidente da República, regulamentando o uso das águas públicas para aqüicultura. Logo após ter mudado as rédeas do setor para as mãos do Ministério da Agricultura, o governo dá mais uma demonstração explícita do seu desejo de expandir as fronteiras aqüícolas. Publicado na íntegra nesta edição, o Decreto autoriza a exploração das águas litorâneas, lagos, rios, açudes, canais e reservatórios, inclusive os das companhias hidrelétricas, e a sua assinatura em 9 de dezembro último, é um marco no desenvolvimento da aqüicultura brasileira.

Procedem, entretanto, todas as preocupações com a preservação desses ambientes, um dos motivos pelo qual foram necessários aguardar quatro anos de consultas antes da assinatura final do documento. Segundo Vinatea e Muedas, cientistas do Departamento de Aqüicultura da UFSC, em ensaio nesta edição, as bases sólidas para que a atividade cresça e chegue ao próximo século de forma sustentável necessitam ser questionadas desde já, lembrando que é preciso prestar muita atenção nos erros cometidos pelos outros países para que não voltemos a cometê-los no nosso próprio meio.

O último bimestre do ano nos trouxe também o Aqüicultura Brasil 98, o melhor evento da aqüicultura brasileira dos últimos tempos, que reuniu em Recife-PE novos e velhos envolvidos na busca de soluções para os problemas da atividade. A presença marcante dos carcinicultores não deixou dúvidas de que os ventos sopram favoráveis como nunca para o setor, com produtores a procura de melhores alternativas para uma distribuição mais eficiente de seus produtos, como é o caso da Camanor Produtos Marinhos Ltda., que aproveitou o evento pernambucano para lançar uma nova e revolucionária embalagem com atmosfera modificada, capaz de manter seus camarões frescos por pelo menos 15 dias, conforme artigo nesta edição.

Para os que no novo ano querem ver de perto como anda a aqüicultura fora do Brasil e planejam visitar Sydney, sede do próximo encontro da WAS, vale a pena viajar em nossas páginas a partir do olhar de Moacir Moa Apolinário, um biólogo que ao conhecer a cidade australiana, ficou arrebatado por sua beleza, charme, civilidade e desenvolvimento.

Porém, nosso destaque fica por conta do excelente estudo elaborado por Fernando Kubitza, José Eurico Possebon Cyrino e Eduardo Ono sobre a situação atual e as perspectivas futuras das raçòes comerciais brasileiras, onde o leitor poderá fazer uma avaliação pessoal do produto que costuma usar para engordar seus peixes.

Por fim, gostaria de compartilhar a felicidade que toma conta de nossa redação por estarmos comemorando 50 edições ininterruptas de informações úteis e confiáveis. Às empresas, parceiras e amigas, e todos aqueles que nos apoiaram nesse percurso, os nossos agradecimentos e a certeza de que seguiremos firmes em nossa proposta.

   A todos, um próspero 1999.

   Jomar Carvalho Filho – Biólogo e Editor