Editorial – edição 55

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No ano passado o Brasil importou 190.000 toneladas de pescados. Foram os bacalhaus consumidos nas nossas páscoas e natais; as merluzas, vedetes dos restaurantes a quilo e os salmões, lindos e deliciosos, produzidos pela eficiente indústria aqüícola chilena, que conseguem a proeza de chegar às nossas prateleiras a preços cada dia mais baratos, já superando uma boa parcela dos pescados nacionais, sejam pescados ou cultivados. Os US$ 399 milhões de dólares envolvidos nessas importações, voaram daqui para remunerar os empresários e dar empregos a trabalhadores de outros países.

O que restou para nós, além do prazer da degustação desses pescados, foi uma balança comercial murcha, caída e um déficit de nada menos que US$ 288 milhões, que só não foi pior, graças à nossa corajosa lagosta exportada pelo Nordeste, que sabe-se lá até quando, vai agüentar ser explorada desse jeito.

A atividade aqüícola pode mexer nesses números de forma dramática, e qualquer um que lida com a aqüicultura sabe disso. Para tal, bastaria uma pequena organização, evidentemente acompanhada de algumas pitadas de vontade política, para solucionar os importantes pontos que hoje sufocam a atividade, entre eles, o crédito para o custeio do aqüicultor, a indigesta salada da legislação aqüícola, os órgãos públicos que não saem de cima do muro, a pesquisa mal direcionada e distanciada do produtor e, sobretudo, a extensão rural, que por estar agonizante, ainda não conseguiu enxergar a aqüicultura.

É preciso explorar melhor o nosso potencial aqüícola, sem abrir mão da sustentabilidade, e essa deve ser uma missão para cada um de nós envolvidos com a aqüicultura. Um bom exemplo disso, são os esforços da CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, que se mobiliza atraindo investidores de forma a desenvolver corretamente a piscicultura na região do baixo São Francisco, uma das melhores do País para a aqüicultura continental, cuja matéria abre esta edição.

O leitor encontrará em seguida, um raio x da piscicultura paulista conseguida através das análises que atestam a atividade como alternativa viável de diversificação dos negócios agropecuários. Conhecerá também os excelentes resultados de um experimento com tilápias em tanques-rede de pequeno volume que merecem toda atenção, bem como os dados de uma pesquisa sobre o mercado de pescados em Brasília, uma preciosa fonte de informação para produtores que pretendem conhecer a estrutura do mercado de pescados nos grandes centros de consumo.

Nessa edição também, trazemos a técnica da silagem biológica, uma ótima alternativa de aproveitamento dos resíduos de peixes, que ao serem tranformados numa silagem, podem acrescentar um alto valor nutritivo à ração.

Estamos inaugurando nesta edição ainda, um cantinho para os produtores iniciantes e escolhemos o tema “transparência da água de cultivo” para ser abordado.

A todos uma boa leitura,

Jomar Carvalho Filho – Biólogo e Editor