A edição passada da Panorama da AQÜICULTURA trouxe, junto à novidade do lançamento da tilápia cultivada compondo um produto da Sadia, uma polêmica bastante saudável sobre os custos de produção desse peixe, relacionados com a venda aos frigoríficos.
O assunto, que repercutiu não só na lista de discussão Panorama-L, mas também em muitas conversas de beirada de viveiro, traz consigo um convite, ou mesmo um desafio, para que os produtores aposentem de vez o “achismo e a cabeçadurisse”, e tirem a máquina de calcular da gaveta para contabilizar tudo o que é preciso, de forma a encontrar os seus reais custos de produção, e não somente os valores das faturas mais pesadas como alevinos e ração, por exemplo. Aliás, está totalmente errado, quem diz que seus custos de produção é o melhor caminho para otimizar o manejo e a melhor ferramenta para negociar adequadamente o produto da despesca.
Não há mais dúvidas sobre a urgência que têm todos os elos da cadeia produtiva, de serem remunerados adequadamente para que a atividade continue a florescer, principalmente a longo prazo. Da mesma forma, não há mais espaço para que fornecedores de insumos ou serviços nadem com braçadas largas, deixando para trás produtores que mal conseguem boiar. As negociações entre os elos dessa corrente se dará melhor e de forma mais justa, a medida que os setores envolvidos estejam mais bem informados. E não é de espantar que o produtor seja, na maioria das vezes, o elo mais desinformado e frágil. Aquele que quebra primeiro.
Foi pensando no fortalecimento do produtor através da informação que resolvemos aproveitar a chapa quente e voltar a carga, novamente nesta edição, aprofundando esse tema, E ninguém melhor que Fernando Kubitza, com sua experiência, para nos ajudar a responder a inquietante pergunta: é possível produzir tilápias a R$ 1,30/kg como desejam os frigoríficos? O artigo é realmente elucidativo.
Nesta edição trazemos também, para você leitor, um interessante artigo sobre os cortes aprimorados na filetagem dos peixes redondos, que abrem novas perspectivas para os criadores de tambaquis e pacus. Entre outros assuntos, traçamos ainda um painel sobre o excelente Ciclo de Palestras sobre a Ranicultura organizado pelo Instituto de Pesca de São Paulo e uma matéria sobre o cultivo de lambaris, um peixe muito valorizado quando vendido vivo para servir de isca em pescarias.
A todos uma boa leitura.
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor