Aconteceu em Goiânia o XII Simbraq – Simpósio Brasileiro de Aqüicultura, o evento bianual da Abraq – Associação Brasileira de Aqüicultura. Foi marcante e ficará na memória de todos os que lá estiveram e, certamente, não haverá outro igual. Eu pelo menos espero que não.
Evitamos deliberadamente este assunto nesta edição para não falarmos em desconforto, desorganização e, principalmente, nos acontecimentos lamentáveis que marcaram a eleição polêmica do substituto de Adilon de Souza na presidência da Abraq e que, surpreendentemente, levaram ninguém menos que Adilon de Souza para o mesmo cargo. Desde o término do Simbraq este tema tem sido diariamente debatido na Lista de Discussão Panorama-L, um fórum mais adequado para tratar deste assunto, por ser aberto a qualquer um que queira democraticamente emitir a sua opinião. Na Panorama-L, as mensagens diárias têm sido de absoluto descontentamento com os rumos que a Abraq tomou e com a forma como os acontecimentos foram encaminhados. A respeito desse assunto, aqui, nesta edição, nos limitamos a publicar na seção “Notícias & Negócios”, apenas a relação de nomes da nova diretoria, enviados pelo seu presidente.
Isso posto, saúdo a todos e é com muito prazer que trazemos aqui temas que mais uma vez remetem a necessidade de se avaliar melhor o universo aqüícola brasileiro. Gosto da máxima que diz que é impossível administrar aquilo que é imensurável, e o tamanho da indústria aqüícola nacional está longe de ser medido. O aceno de que teríamos uma grande avaliação da atividade através do cadastramento obrigatório dos aqüicultores junto ao DPA – Departamento de Pesca e Aqüicultura, o órgão responsável pelo RGP – Registro Geral da Pesca, nunca deixou de ser apenas um breve aceno, do qual os aqüicultores fogem, assustados com as garras do IBAMA, para onde obrigatoriamente cada registro deve ser enviado. E todos sabemos que além das garras, o IBAMA também sorri para a aqüicultura como as bruxas dos filmes de Disney.
O que dá para perceber é que são inúmeras e óbvias as desvantagens de não termos as estatísticas da aqüicultura nacional. As indústrias de insumos seguem tocando seus negócios de ouvido e improvisam quando precisam direcionar seus esforços, e o resultado é que todos saem perdendo. Afinal, quanto produzimos? Quantos hectares de viveiros existem no Brasil?
Está aí mais um desafio para Alexandre Caixeta Spinola, engenheiro agrônomo recém empossado Coordenador-geral do DPA. Até porque alguma autoridade, possivelmente o próprio Ministro da Agricultura, deverá fazer as honras da casa e apresentar a nossa aqüicultura aos estrangeiros que aqui virão para o WAS 2003, em maio do próximo ano. A imprensa especializada internacional estará presente e, certamente, vai querer saber a resposta para a tradicional pergunta: quanto vocês produzem? Bem, pelo menos aqui nessas páginas, através das curvas ascendentes da produção de rações para organismos aquáticos, o leitor vai constatar que a atividade está crescendo com vigor.
Nesta edição, publicamos também um artigo sobre como um SIG – Sistema de Informações Geográficas pode mapear um estado inteiro e sugerir as melhores áreas para cada espécie. O leitor poderá ainda se informar acerca da tecnologia de recirculação de água nos cultivos de camarões marinhos, ver como funciona um sistema de monitoramento contínuo de viveiros totalmente feito no Brasil e, muito mais.
Com os votos solidários àqueles que nesse momento lutam por uma Abraq unida e atuante, desejo a todos uma boa leitura.
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor