O Comitê de Organismos Aquáticos da Anfal, também conhecido como Anfal-Aqua, convocou, e a turma compareceu em peso, ao evento organizado em outubro em Indaiatuba – SP.
Quem não foi, vai ter que se contentar com o gostinho dos drops que publicamos nessa edição, e ficar torcendo para que o Anfal-Aqua se anime a repetir a dose no ano que vem. As atenções no I Congresso Internacional de Comercialização de Peixes estavam todas voltadas para as alternativas do mercado de pescados, e esse foi o tema que costurou, de ponta a ponta, toda a programação. O grande destaque foi a brilhante e oportuna apresentação da publicitária Ana Lúcia Miranda com o sugestivo título “Cultivando peixes e consumidores”. Quem nada sabia acerca do tão banalizado marketing, certamente teve o seu olhar reposicionado e, quem achava que já sabia alguma coisa, viu que há muito a aprender.
Num ambiente tão impregnado com os temas relacionados ao comércio de pescados, bastou a fagulha vinda do Anfal-Aqua se dizendo disposto a compor com o setor uma parceria para arrecadar recursos para o marketing do peixe cultivado, para reacender a chama do velho desejo de instituir um fundo, com o intuito de promover a piscicultura e os produtos por ela gerados. A fórmula, que não é nova, funciona muito bem com a carcinicultura, através de recursos arrecadados destinados a Associação dos Criadores de Camarões (ABCC). Consiste em acrescer ao preço do quilo da ração um valor irrisório, a ponto de não pesar no bolso do produtor, mas que poderá ser de bom tamanho para compor um fundo capaz de mover ações de estímulo ao consumo interno e externo de peixes cultivados no Brasil. Outro bom exemplo do sucesso da fórmula do fundo de gestão, pode ser visto agora mesmo no setor da suinocultura, que ao atravessar uma grave crise lançou mão do fundo para promover uma forte campanha destinada a estimular o consumo da carne suína que abarrota os frigoríficos do sul do país.
A escolha da ração como veículo ideal para a arrecadação dos recursos deve-se ao fato de ser a ração o insumo mais utilizado pela maioria dos aqüicultores. Conversando aqui e acolá, percebo que muita gente ainda pensa que esses recursos virão como doações das fábricas de ração, e isso é um equívoco. Quem paga é o produtor. No exemplo da ABCC, para cada quilo de ração que o carcinicultor coloca nas suas bandejas, está pagando também R$ 0,015 como contribuição ao fundo. O papel das fábricas de ração é, tão somente, o de arrecadar e repassar os recursos à instituição gestora.
Durante o evento do Anfal-Aqua foi formado um grupo, no qual me incluo, para estudar o assunto e propor sugestões para definir o perfil dessa instituição gestora, que pode ser uma associação, um instituto e, porque não, uma fundação. Vamos ver como a coisa caminha…
Sobre esta edição, fizemos questão de publicar na íntegra a Resolução do Conama No 312 que finalmente veio para normatizar o licenciamento dos cultivos de camarões nas zonas costeiras e que poderá afetar de muitas formas a vida dos carcinicultores. Conhecerá como a criação de camarão está ajudando as comunidades carentes no extremo sul do País, e saberá ainda a respeito da importância do estudo das patologias dos espermatozóides na seleção dos reprodutores de peixes. Além desses, muitos outros temas importantes compõem esta edição, que foi feita com muito carinho para vocês.
A todos uma boa leitura.
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor