Editorial – edição 92

Foi expedida, enfim, a primeira Licença de Operação (LO) para um empreendimento de piscicultura em tanques-rede instalado em águas da União. Em outubro passado, o CPRH, órgão ambiental do Estado de Pernambuco, deu um passo histórico ao conceder a LO para a Associação Jovens Criadores de Peixes, instalada no lado pernambucano da represa de Moxotó, no município de Jatobá – PE.

Essa é uma notícia espetacular, que chega para iluminar o caminho de centenas de piscicultores rumo à legalização dos seus empreendimentos. Além do mais, já deu a hora da piscicultura deixar para trás o estigma de ser uma atividade não licenciável. Os piscicultores, alguns há seis anos, aguardam a oportunidade de ter a sua licença ambiental. Estão todos de parabéns! Dessa história, vou guardar na lembrança o que disse um amigo piscicultor, diante da LO emoldurada na parede da associação de Jatobá: “Jomar, é como ver uma cabeça de bacalhau… A gente sabia que existia, mas nunca tínhamos visto”.

Mas não acabam aí as boas notícias para os criadores de peixe em tanques-rede. No início de dezembro, durante um seminário realizado em Paulo Afonso, pelo Sebrae e pela Bahia Pesca, o Banco do Nordeste do Brasil – BNB anunciou que não exigirá mais a licença ambiental para conceder o financiamento de custeio para as pisciculturas que já estão em operação. A licença ambiental continuará, porém, a ser exigida se os financiamentos se destinarem à investimentos.

Para a carcinicultura, no entanto, o ano foi um dos mais difíceis. Mas, por conta dessas dificuldades, inúmeros novos conhecimentos sobre o manejo sustentável foram adquiridos, bem como foi possível conhecer melhor a dinâmica do vírus da mionecrose infecciosa – IMNV. A expectativa do setor é que, com o amadurecimento do produtor, 2006 termine com resultados bem melhores que os alcançados em 2005. Um olhar sobre o ano que passou é um dos artigos dedicados ao cultivo de camarão, que publicamos nessa edição.

Fica a torcida para que os carcinicultores de Santa Catarina, castigados demais pela Mancha Branca, sejam favorecidos pela sorte e pelo bom clima, para que possam contribuir com boas despescas em 2006. Março vem aí com mais uma Fenacam e, o maior evento da carcinicultura é sempre uma boa oportunidade de compartilhar informações e avaliar perdas e ganhos.

E para os que pensam que o mar não está para peixe, trazemos também nessa edição um artigo sobre a larvicultura do bijupirá, que fecha a trilogia de artigos sobre esse peixe, iniciada com a engorda e seguida pelos cuidados com os reprodutores. Como das outras vezes, as informações sobre o bijupirá vêm do sangue novo que irriga o cenário da aqüicultura brasileira. O autor do artigo dessa edição, Marcell Boaventura Carvalho, é um engenheiro de pesca recém-formado, que faz parte da nova safra de especialistas na aqüicultura.

Pois bem, diante de um 2005 bastante dinâmico, as minhas expectativas são as de que teremos um 2006 de boas safras. É isso que desejo compartilhar com todos.

Uma boa leitura,

Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor