O Presidente Lula adiou o anúncio do seu novo ministério, o que deverá acontecer somente a partir do final de janeiro. E isso, é claro, me tirou o aguardado tema para este editorial.
Como todos sabem, essa edição reporta o último bimestre de 2006, um ano em que se esperava pouco crescimento do setor, e que acabou por cumprir com essa expectativa. O câmbio amarrado prejudicou muito, e afetou não só a carcinicultura, castigando severamente também os negócios da tilapicultura voltados para a exportação. Frigoríficos por todo o Brasil sentiram o baque, que ainda reverbera na rotina de muitos piscicultores, com destaque para os que cultivam a tilápia em alguns municípios do oeste paranaense.
Sobre as escolhas presidenciais, o desejo do setor, é claro, é o de ver a SEAP mais fortalecida, e quem sabe até, reaparecendo neste segundo mandato posando de ministério. Entretanto, as críticas ao Presidente Lula sobre o número excessivo de ministérios que cria, trouxe um forte complicador para esse enredo, o que torna pouco provável a criação do Ministério da Aqüicultura e Pesca, pelo menos neste início de mandato. O setor, portanto, deve se manter com a mesma estrutura atual ou, o mesmo “endereço institucional”, como disse Felipe Matias, Diretor de Desenvolvimento de Aqüicultura da SEAP, em entrevista nesta edição.
Resta então a expectativa sobre quem será o ministro. Muitos nomes para o cargo surgiram neste final de ano, todos comentados à boca pequena, com jeito de boato, uma reação de medo frente ao aviso presidencial de que rifaria quem colocasse a cabeça de fora antes da hora. Entre os cotados, os nomes do ex-ministro José Fritsch e o do atual, Altemir Gregolin que, aliás, tem surpreendido neste seu curto mandato, com uma bem estruturada retórica sobre o setor, mostrando que já conhece bastante a complexa cadeia produtiva dos pescados cultivados, bem como as dificuldades e os anseios vividos pelos aqüicultores. Outros nomes entreouvidos pelos corredores foram os do ex-presidente da ABCC, Itamar Paiva Rocha, uma indicação do PMDB potiguar, além de Dedé Teixeira, do PT cearense e, Sérgio Pinho, ligado ao PSB. A expectativa em torno da escolha do nome é grande, visto que são muitos os assuntos ainda pendentes deixados pelos ocupantes do cargo neste primeiro mandato. A aqüicultura precisa de uma atenção governamental e os caminhos já foram apontados em vários diagnósticos.
Nesta edição trazemos um interessante diagnóstico setorial da aqüicultura, realizado pelo Grupo Integrado de Aqüicultura e Estudos Ambientais (GIA) da UFPR. A curiosidade fica por conta do fato de que esse estudo se baseou nas trocas de e-mails feitas entre 2002 e 2006 na lista de discussão Panorama-L, um fórum virtual mantido por essa revista desde 1997. Após as análises dos principais entraves que afligem o setor, o estudo recomenda que o governo enfrente, o quanto antes, os gargalos que lhe cabem resolver, para que o Brasil deixe de ser um país de grande potencial aqüícola, para se transformar na ainda utopicamente sonhada potência aqüícola.
Quero desejar a todos um feliz 2007, reproduzindo as simpáticas palavras do piscicultor Francisco M. Leão, em mensagem para a Lista Panorama-L: “como sou um otimista inveterado, eu acho que o ano de 2007 vai ser bom, porque para trás a gente só vai se for para pegar embalo.”
Boa leitura, feliz ano e boas safras,
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor