É muito comum ouvirmos falar da ausência do governo na promoção, estímulo e viabilização de um incontável número de ações que transformariam positivamente o dia-a-dia do País. Os lamentos e as reclamações vêm praticamente de todos os setores da nossa sociedade.
Quem já não culpou a “falta de vontade política”, diante da frágil segurança pública, da precariedade da saúde e da educação, e de tantos outros setores carentes de atenção governamental? É comum ouvirmos também que o melhor que o governo faz é “não atrapalhar”. Como vemos, discutir e avaliar a atuação do governo vai sempre gerar polêmicas. Muita gente, porém, talvez não tenha se dado conta de que algumas vezes, os programas governamentais ocorrem de maneira positiva em diversas regiões do País, sem que tomemos conhecimento deles. Assim é também com a aqüicultura.
A Panorama da AQÜICULTURA visitou o açude de Orós, no Ceará, onde uma ação do Governo Federal, através do Programa Produzir em parceria com a população, já permitiu a implantação de centenas de tanques-rede, onde crescem tilápias e renascem esperanças para um grande número de famílias até então resignadas com as escassas chances de sustento, mesmo estando às margens de um dos maiores açudes brasileiros. A integração do governo, técnicos e mão de obra local, fez dessa iniciativa, um exemplo a ser repetido em outras localidades do País. Há, no entanto, a necessidade de que não se interrompa o suporte técnico fornecido, tão necessário para que esses novos piscicultores continuem a produzir e possam se manter competitivos.
Outro exemplo bem-sucedido da aqüicultura brasileira, dessa vez implantado pela iniciativa privada, é o do cultivo da alga Kappaphycus alvarezii na fazenda marinha Sete Ondas, localizada no litoral do Rio de Janeiro. Um exemplo de empreendedorismo que escolhemos como matéria de capa dessa edição. A partir dessa alga, que cresce a olhos vistos no parque de cultivo da empresa, é produzida a carragena, um ficocolóide imprescindível na produção de muitos alimentos, na indústria têxtil, cosmética e farmacêutica, que é importado em grandes quantidades pelo Brasil para suprir a grande demanda.
Trazemos ainda nas páginas que se seguem, uma reflexão de Fernando Kubitza sobre o futuro da tilapicultura no Brasil; um excelente artigo que discute o uso da soja como um ingrediente alternativo para substituir a farinha de peixe na fabricação de rações; um ensaio de Luis Vinatea sobre a ética na aqüicultura e, muito mais.
A todos, boa leitura
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor