Editorial_edição 17

São muitos os assuntos que merecem a atenção das páginas do Panorama da AQÜICULTURA.Entretanto, nos sentimos obrigados a abrir novamente espaço para falar do clarias ou bragre africano.

A ASPAN – Associação Pernambucana de Defesa da Natureza, solicitou ao poder público providências para deter o avanço deste peixe e quer descobrir os responsáveis pela sua introdução no Brasil.

Por outro lado a opinião publica está apavorada. E não é prá menos.

Entre outras coisas, foi dito que 10% dos clarias do Nordeste já fugiram dos viveiros. Quem sabe ainda estão andando por aí e roubando galinhas em quintais ou imitando os botos da Amazônia?

O assunto foi tratado nos jornais e até no horário nobre da TV. Foi apresentado solenemente entre notícias de bombardeios na Bósnia e estupro de menores no Brasil. Tudo misturado no mesmo saco das barbaridades que recaem sobre as cabeças da sociedade brasileira.

Será que a presença do clarias no Brasil é de fato uma barbaridade?

Dois assuntos chamam atenção em toda essa estória. Primeiro, vimos a grande imprensa, manipuladora da opinião pública, deixar de lado o ponto de vista dos especialistas e piscicultores, e mostrar apenas um lado da moeda. Segundo, o que restou: um grande abalo que mexeu com a mais simples dona de casa que assistia TV e se estendeu até a credibilidade do piscicultor brasileiro que passou a ser visto como um ganancioso e irresponsável criador de Frankensteins aquáticos.

Por fim, como todo assunto técnico, dele só se deve falar especialistas. Gente que pesquisa e que convive no dia-a-dia com o peixe. Se não for assim, o assunto deixa de ter a devida importância para virar apenas tema para aumentar a venda de jornais e de IBOPE.

Jomar Carvalho Filho


Biólogo e Editor