É natural que os leitores pensem que, pelo fato de sermos uma revista, um centro de informações, tenhamos na palma das mãos ou ao alcance dos dedos, as estatísticas da produção aqüícola brasileira. Não é raro a redação receber pedidos de pessoas ou empresas solicitando dados sobre a produção nacional de um determinado peixe, ou o total de alevinos produzido numa determinada região do País. Tem gente querendo saber de tudo todo o tempo. Desde a produção nacional de rações até a de aeradores de pás, passando pela quantidade de artemia salina consumida nas larviculturas.
Costumo responder aos que nos procuram que não existe nenhuma precisão nos números da aqüicultura brasileira e que apesar de haver uma demanda crescente por informações, efetivamente nada tem sido feito para gerá-las. E, com todo o respeito que a FAO merece, lembro sempre que jamais tive o prazer de ser apresentado a alguém que estivesse a serviço dessa organização com a missão de coletar números publicáveis referentes a nossa aqüicultura. Aos leitores que nos procuram, sugiro que duvidem de tudo, inclusive das estatísticas da FAO referentes ao Brasil, pois suponho que a FAO padeça das mesmas dificuldades que têm as autoridades brasileiras para gerar dados confiáveis neste país.
O cadastramento dos aqüicultores ainda é uma das mais difíceis empreitadas que o DPA – Departamento de Pesca e Aqüicultura do Ministério da Agricultura terá que enfrentar, dificultada ainda mais pelo estranho acordo feitor com o IBAMA, para quem deverá repassar todas as informações. A difícil relação que os órgãos ambientais sempre estabeleceram com os aqüicultores, certamente vai dificultar esta tarefa. Além disso, há o aspecto pragmático, pois a coleta de dados tem que estar correlacionada com o que se deseja fazer com eles. E ainda não foi visto ou discutido com o setor um questionário que ao ser preenchido venha atender às principais demandas por informação.
O quadro seria desencorajador para aqueles que precisam de informações para orientar seus passos na atividade, não fosse o Censo Agropecuário que será promovido daqui a dois anos pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O DPA/MA acaba de ser convidado por este Instituto para participar da segunda reunião preliminar do Censo Agropecuário que avaliará o campo ao término de 2002. O formulário com as perguntas referentes à aqüicultura já está pronto e cabe agora aos técnicos do DPA, com a ajuda importante do setor, melhorá-lo para que possa ser capaz de responder à grande parte das perguntas sobre a aqüicultura e, finalmente, mostrar à sociedade o retrato mais fiel da atividade rural que mais cresce no País.
São muitos os desafios que, Geraldo Bernardino, o novo Coordenador de Aqüicultura do DPA, tem pela frente. Em entrevista nessa edição Bernardino fala também da sua vontade de ver a aqüicultura totalmente inserida nos programas de governo, numa estratégia para que o Brasil deixe de ser o país do potencial para a aqüicultura, para se transformar num dos principais países produtores de pescado.
A todos uma boa leitura,
Jomar Carvalho Filho – Biólogo e Editor