Editorial – Edição 63

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Um dos mais polêmicos assuntos da aqüicultura brasileira certamente é o cultivo de peixes tradicionalmente realizado pelos produtores rurais do oeste catarinense, onde a piscicultura está fortemente atrelada à produção de suínos, um dos carros-chefes da economia da região. Esse consórcio peixe-suíno vem sendo praticado há décadas e vem ajudando a colocar o Estado de Santa Catarina à frente dos demais estados brasileiros no volume total de peixes cultivados.

O mais interessante, porém, é que esse tema, via de regra, vem sendo tratado com mesuras e conversas à boca pequena, já que aqueles que não o aprovam evitam falar abertamente sobre suas convicções, ao contrário dos técnicos catarinenses que atuam diretamente junto aos produtores, cada vez mais satisfeitos com os resultados, convictos da eficácia e da inocuidade do sistema que, ao que tudo indica, deverá ganhar mais adeptos no futuro próximo, já que a Perdigão, a segunda maior empresa agropecuária do Brasil, está ajudando a financiar a abertura de viveiros de peixes nas propriedades de seus produtores integrados.

A EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Estado de Santa Catarina há muito vem pesquisando as conseqüências dos dejetos dos suínos nos corpos d’água e na qualidade microbiológica dos peixes. Nesta edição, convidamos dois especialistas da empresa para comentar os resultados encontrados na várias frentes de pesquisa que tratam deste assunto e, da mesma forma, pedimos a dois outros especialistas para tecerem alguns comentários sobre o policultivo de peixes consorciados com suínos. Esperamos, dessa forma, expor cada vez mais esse tema aos produtores de peixes e sabemos, desde já, que a polêmica em torno desse assunto está longe de acabar.

Outra polêmica ainda não resolvida em nossa atividade é a obrigatoriedade do cadastramento dos aqüicultores. Nesta edição, publicamos a íntegra da Instrução Normativa do Ministério da Agricultura que regulamenta a questão. Saiba como se cadastrar e aproveite para conhecer as conseqüências indiretas desse cadastramento na vida dos aqüicultores, que automaticamente também passam a fazer parte do Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais.

Leia ainda as notícias da FAO com as últimas estatísticas da produção pesqueira mundial. Nesta edição você poderá também conhecer um pouco mais sobre o SIG – Sistema de Informação Geográfica – um recurso poderoso capaz de minimizar os riscos na implantação dos projetos aqüícolas, e muito mais.

Mais uma vez, a todos uma boa leitura.

Jomar Carvalho Filho – Biólogo e Editor