Publicamos na seção Notícias e Negócios da edição 48 (julho/agosto/98) uma nota do Departamento de Aqüicultura da UFSC, divulgando a criação do primeiro curso brasileiro de Engenharia de Aqüicultura. A FAEP – Federação das Associações dos Engenheiros de Pesca do Brasil, nos enviou uma carta expondo algumas preocupações com relação à criação de uma nova classe profissional e, diante da polêmica, buscamos ouvir também a opinião da UFSC frente às preocupações demonstradas pelos engenheiros de pesca. À seguir, a íntegra das duas cartas enviadas à redação da Panorama da AQÜICULTURA.
Prezado Editor,
Foi com bastante satisfação que a Federação das Associações dos Engenheiros de Pesca do Brasil (FAEP-BR), que congrega 10 associações – tomou conhecimento da recente criação do curso de Engenharia de Aqüicultura – UFSC, através da revista Panorama da AQÜICULTURA 1998, vol 8, nº 48.
Ao mesmo tempo externa sua preocupação com o nome dado ao curso, haja visto que os conhecimentos aplicados serão correlatos de uma forma geral, aos da Engenharia de Pesca, profissão integrante do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA , pioneira nessa área de formação, conta com 27 longos de existência e vem se firmando a cada dia, tanto politicamente quanto profissionalmente em decorrência dos valores de seus técnicos, destacando-se no Brasil e no exterior, como é o caso do Exmo. Ministro das Pescas da Guiné Bissau/África.
Atualmente encontram-se implantados 03 cursos, esperando para o próximo ano a criação de mais um no estado da Bahia e o Pará há alguns anos vem tentando criar mais um.
Diante do exposto ficam alguns questionamentos: 1) Por que não Engenharia de Pesca ?; 2) Não seria mais interessante um curso com o nome de Engenharia de Pesca, para fortalecer os já existentes?; 3) Por que o primeiro do gênero no Brasil?; 4) Não será apenas capricho dos senhores professores, buscando ser criadores de um novo nome?
O objetivo de abordar esse assunto visa especificamente uma reflexão a todos os colegas do setor, pois o mundo globalizado impõe às profissões o seu fortalecimento mediante número, participação e atuação de seus profissionais, nas suas respectivas áreas de atuação.
Célio N. Tavares – Secretário Geral da FAEP-BR – Federação das Associações dos Engenheiros de Pesca.
Prezados Editores,
A UFSC é considerada hoje como uma das 5 universidades do país. O Departamento de Aqüicultura, criado há 15 anos, detém elevado conceito a nível nacional e internacional, por sua relevante contribuição na formação de recursos humanos e geração de tecnologia.
Gostaríamos de esclarecer aos caros leitores que a criação do curso de Engenharia de Aqüicultura teve como objetivo fornecer ao mercado de trabalho um profissional competente, dotado de elevados conceitos éticos e capaz de atender à crescente demanda brasileira pelos produtos aqüícolas. Este curso foi o resultado de um estudo aprofundado de vários anos, que levou em consideração uma série de aspectos, relacionados a seguir.
No Brasil o crescimento da aqüicultura, que supera os 30% ao ano em alguns segmentos, é bem superior à atividade da pesca, que praticamente atingiu os limites de exploração dos estoques naturais. Este crescimento exige um profissional com conhecimento sólido e direcionado especificamente para a aqüicultura. O perfil do profissional que nos propomos formar não se encaixa nos currículos das profissões que hoje atuam no Brasil na área de aqüicultura (engenheiro de pesca, engenheiro agrônomo, biólogo, veterinário, zootecnista, oceanólogo, etc.). Cada um possui suas próprias competências e habilidades.
A existência de um profissional de nível superior em aqüicultura atende, entre outras, às recomendações da FAO para o desenvolvimento desta atividade na América Latina (Projecto Aquila II – GCP/RLA/102/ITA, Doc. Campo 12). Além disso, são intercionalmente conhecidas as experiências exitosas de alguns países como o Chile, no qual convivem há mais de vinte anos diversos cursos de Engenharia de Aqüicultura e de Engenharia de Pesca. O Chile, por sinal, destaca-se em primeiro ligar entre os países latino-americanos na área de Aqüicultura.
Ficamos à disposição dos leitores e demais interessados para conhecerem mais detalhes deste novo curso, para podermos aprofundar a discussão e mesmo buscar um aperfeiçoamento de nossa proposta.
Professores do Departamento de Aqüicultura da UFSC
