Aquabio:
Acadêmicos se reúnem e formam nova sociedade
No último dia 3 de outubro de 2002, em reunião realizada em Jaboticabal – SP, foi criada a Sociedade Brasileira de Aqüicultura e Biologia Aquática. Na reunião que contou com a participação de mais de 60 pessoas de vários locais do Brasil, além de expressivo apoio por correio eletrônico e telefone, foram discutidos os itens do estatuto. Na ocasião também foi eleita uma diretoria pro-tempore, com mandato até maio de 2003, cujo objetivo é organizar a sociedade e convocar as próximas eleições prevista pra abril do próximo ano. A seguir uma entrevista com Elizabeth Urbinati, professora da UNESP, atual presidente da Aquabio.
Panorama – O que é a Aquabio, e de que forma ela pretende atuar?
Elizabeth Urbinati – A Aquabio é essencialmente uma sociedade de caráter científico que pretende ser uma organização que promova o desenvolvimento educacional, científico e tecnológico da aqüicultura e das ciências correlatas que se encaixem dentro desse contexto maior.
Panorama – Por que Biologia Aquática? Dessa forma não se está excluindo os produtores?
Elizabeth Urbinati – Nós temos uma área da biologia aquática bem aplicada a produção, que se encaixa dentro desse contexto maior da aqüicultura. A nossa idéia não é excluir o produtor, inclusive temos no nosso quadro de sócios produtores participando. Temos pesquisadores, estudantes e profissionais que atuam em outras áreas, como a extensão, a parte mais tecnológica. Nosso estatuto prevê a participação de todos esses profissionais.
Panorama – É meio óbvio como o setor acadêmico poderá se beneficiar das propostas da Aquabio, mas que benefícios terá o produtor?
Elizabeth Urbinati – A Aquabio deverá divulgar informações científicas através de publicações específicas e boletins. Também pretende promover reuniões científicas que podem ser apenas reuniões, simpósios, encontros, conferências e cursos de todos os níveis
Panorama – Quais as metas da atual diretoria pro tempore, até a eleição da diretoria definitiva? Quando será essa eleição?
Elizabeth Urbinati – A diretoria Pro-tempore que vai até maio de 2003 está organizando estruturalmente a sociedade. A sociedade já está legalizada, com CNPJ e conta bancária. Já temos e-mail, uma linha telefônica a ser instalada e um escritório. A eleição deve acontecer em abril de 2003. Vamos eleger a diretoria nacional e diretorias regionais. A posse acontecerá em Salvador.
Panorama – Essas diretorias também já estão constituídas?
Elizabeth Urbinati – Não na diretoria pro-tempore, que é bem enxuta. Eu estou como presidente, e tenho como vice-presidente o Luís André Sampaio lá do Sul, que está participando ativamente, embora até entendamos que nessa organização inicial o pessoal devesse estar trabalhando mais junto. Por isso que o tesoureiro é daqui da UNESP e temos um secretário executivo que é o Zico, lá da Esalq. Temos mantido um contato muito próximo também com o Philip Scott no Rio de Janeiro e, de uma certa forma, em Minas nós já temos um grupo muito ativo.
Panorama – O estatuto da Aquabio está disponível em algum site na internet?
Elizabeth Urbinati – Estamos preparando uma home page e brevemente vamos ter um link na página do CAUNESP, mas para quem nos pede o estatuto encaminhamos uma cópia.
Panorama – Como devem proceder aqueles que desejarem fazer parte da Aquabio?
Elizabeth Urbinati – Vamos enviar uma mala direta convidando para a filiação, mas podem entrar em contato pelo e-mail: [email protected] e tem também o telefone (16) 3203-2110 ramal 205, até que tenhamos uma linha definitiva.
Panorama – A Aquabio e a ABRAq. Não dá para falar de uma sem lembrar da outra. Quais os pontos de convergência e divergência entre as duas associações?
Elizabeth Urbinati – Eu preferia nem falar em ABRAq, mas vamos lá. A ABRAq tem um braço científico que nunca funcionou ou se funcionou no início foi uma coisa casuística, temporária. Eu fui da última diretoria, mas foi impossível fazer a ABRAq funcionar. Conseguimos fazer o Simbraq com muito esforço, sem nenhum apoio. Parece que não existia interesse em apoiar a parte científica. A nova sociedade tem um caráter científico com uma interface com o produtor, pois afinal de contas, não podemos viver sem eles.
Panorama – São duas associações com propósitos semelhantes, isso não pode significar a divisão do setor ao invés da unificação, que é o desejo de todo mundo?
Elizabeth Urbinati – Os objetivos são parcialmente semelhantes. Eu acredito que possa haver divisão do setor, mas nós consultamos a comunidade científica do Brasil inteiro. Percebi que a dificuldade de ressuscitar a ABRAq era tão grande, que achamos melhor criar uma sociedade nova com características de uma sociedade científica. Vide o esforço que foi feito para entrar em contato com a Abraq. Não obtivemos respostas às nossas tentativas e não houve abertura para que fosse feita uma recuperação da Abraq, nós não tivemos resposta, um retorno sequer da própria ABRAq. A classe científica está há muito tempo ansiando por ter a sua representação, para estar forte e consolidada.
Panorama – São suas as últimas palavras.
Elizabeth Urbinati – Eu gostaria de dizer que já estamos fazendo lobby junto ao CNPq, órgãos de fomento e ministérios. Estamos apresentando a sociedade. Queremos atuar ativamente divulgando a nossa atividade junto a esses órgãos e estamos trabalhando também junto à presidência da WAS (Sociedade Mundial de Aqüicultura) e deveremos estar como promotores do encontro. O que a gente já está tentando é fazer esse reconhecimento internacional da Aquabio.