A pesquisa realizada pela Fiocruz no ano passado determinou que a piscicultura contribui na transmissão da malária em algumas partes da Amazônia e, em particular, na região do Alto Juruá, no Acre. A atividade é realizada em tanques artificiais que têm se transformado em espaços atrativos para os mosquitos depositarem seus ovos.
A pesquisa realizada pela Fiocruz no ano passado determinou que a piscicultura contribui na transmissão da malária em algumas partes da Amazônia e, em particular, na região do Alto Juruá, no Acre. A atividade é realizada em tanques artificiais que têm se transformado em espaços atrativos para os mosquitos depositarem seus ovos. Foi observado que limpar o bordo dos tanques de cultivo ajuda a controlar o tamanho da população de mosquitos, mas é uma tarefa demorada e cansativa, e o piscicultor nem sempre é ciente do benefício desta ação.
O projeto de pesquisa aplicada, financiado pela FGV e coordenado pela professora Soledad, está sendo realizado em colaboração com a doutora Cláudia Codeço(Fiocruz) e Felipe Antunes (mestrando em Modelagem Matemática pela FGV EMAp), e tem o propósito de criar um modelo matemático para representar a relação entre os tanques e a transmissão de malária. Os pesquisadores pretendem utilizar esse modelo para quantificar a contribuição efetiva dos tanques na epidemia, a partir de uma avaliação quantitativa do efeito que a limpeza periódica dos tanques poderia ter na redução da transmissão da malária.
No âmbito deste projeto, o evento abriu espaço para que os pesquisadores conversassem diretamente com os piscicultores da região, onde obtiveram informação quantitativa para parametrizar o modelo. Os resultados obtidos serão utilizados para elaborar material educativo destinado aos piscicultores e autoridades de saúde dos municípios de Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves (AC).
“É sabido que a malária é uma doença que afeta o Brasil e a sua economia. Nos últimos 14 anos, a região Amazônica concentrou o 99,9% dos casos do país, com uma média anual de 310.390 casos por ano, e os municípios onde focamos nosso estudo estão entre os mais infectados da região. Para ilustrar a gravidade da situação, cabe mencionar que, depois da escavação dos tanques de piscicultura, a incidência da doença chega a 40% no município de Mâncio Lima em algumas épocas do ano”, finaliza a professora Maria Soledad Aronna.
Fonte: https://portal.fgv.br/noticias/estudo-avalia-impacto-piscicultura-casos-malaria-amazonia