ExpoPesca 92: Chile encanta com show da Aqüicultura e da Pesca

O clima econômico no Chile é de crescimento e estabilidade. A taxa de crescimento anual junto com as reservas do país tem atraído muitos investidores europeus para este oásis de bonança na América Latina. As 6 milhões de toneladas de pescados retirados anualmente da extensa costa pacífica do Chile encontram compradores em todo o mundo, devido ao alto padrão de qualidade e tradição das plantas beneficiadoras. Mesmo assim, sobram grandes quantidades de pescados de qualidade ainda considerada inferior para o consumo humano. Foi assim que o Chile recentemente inaugurou duas fábricas para produção de pasta de ‘surimi’ de onde podem ser transformados em diversos tipos de ‘komaboku’ ou seja aquelas deliciosas ‘patas de caranguejo’ ou ‘crab fingers’ que pedimos nos restaurantes orientais. É um belo exemplo de como agregar valor a um produto de pescados.

FARINHA DA PEIXE

Um dos principais produtos da área pesqueira do Chile sempre foi a farinha de peixe. Foi com o empenho do IFOP (Instituto de Fomento Pesqueiro do Chile) e da Fundación Chile nos últimos 10 anos, que a farinha de peixe, produto tradicionalmente empregado na composição de rações industrializadas para aves, teve um salto em valor agregado. O clima, as águas límpidas descendo dos Andes e a costa recortada do Sul do Chile foram os recursos naturais onde o exigente salmão escocês foi testado em cultivo em tanques-rede flutuantes no mar. Em 1992, o Chile bateu a produção escocêsa de salmões que foi de aproximadamente 32 mil toneladas. As perspectivas para o ano de 1993 são excelentes. Há boas razõespara os nórdicos se interessarem tanto pela salmonicultura chilena. A transformação da matéria prima (farinha de peixe) próximo a fonte de origem em produto final altamente valorizado (salmão) é uma otimização da utilização de recursos naturais de forma econômica, evitando o transporte desta farinha milhares de kilômetros para as fazendas de salmão da Noruega, que hoje já encontra problemas quanto a novas áreas apropriadas para o cultivo, no auge de sua produção anual de 230 mil toneladas. Desta forma, transporta-se apenas o produto final com economia no frete.

EXPOPESCA 92

O boom da produção chilena está tão badalado que durante o ExpoPESCA ’92, que se realizou de 2 a 5 de dezembro, que foram vários os ônibus de luxo e aviões fretados pelos participantes, a maioria homens de negócios norueguêses, dinamarquêses e suecos, para visitar a Xa região do Chile, principalmente na ilha de Chiloé onde estão concentradas centenas de tanques-redes com criação de salmão num belo exemplo de harmonia entre empresários e autoridades ambientais para a produção de uma espécie exótica! Todos os restaurantes locais servem salmão fresco, defumado e mais toda uma variedade de frutos do mar em deliciosas receitas locais.

Panorama da AQÜICULTURA no EXPOPESCA 92

O estande do Panorama da AQÜICULTURA foi privilegiado pelos organizadores do Expopesca ’92 com uma excelente localização na entrada do pavilhão principal. O Panorama esteve junto com os estandes das entidades representantes oficiais de países latino americanos. Como em Orlando, EUA na reunião da WAS, o Panorama ficou sendo “o embaixador não oficial” do Brasil, sendo muito procurado por empresários, técnicos, cientistas e estudantes ligados a área de pesca e aqüicultura, em busca de informações sobre a aqüicultura brasileira. Houve extensa troca de informações, cartões e dicas. Um dos assuntos mais indagados era quanto ao desenvolvimento da ranicultura brasileira, pois se inicia naquele pais o cultivo (experimental ) da rã chilena Caudiveria caudiveria.

BRASILEIROS

Entre os brasileiros presentes no Expopesca ’92 destacamos Gisele Castro e Wilson London da Trutas da Serrinha – RJ, Modesto Guedes da Mar Doce – PE, Frederico Kurtz – Universidade Santa Úrsula – RJ, Edmond Bernauer -Ventiladores Bernauer – divisão Pirapoty – SC, Wilson do Santos – Pescados Coqueiro – RJ.

A feira contou com mais de 240 estandes de equipamentos, serviços, instituições de ensino e pesquisa, associações de produtores. Vimos a organização dos europeus que alugaram blocos inteiros dentro de pavilhões para as firmas de seus países. A gama de produtos e serviços a disposição deixou claro que a pesca e a aqüicultura moderna são atividades tecnificadas e lucrativas gerando grande movimento de capital. Hoje não é mais possível sobreviver (com decência) utilizando métodos arcaicos de captura e gerenciamento dos findáveis recursos pesqueiros. Equipamentos para localizar cardumes por satélite, localização no mar por GPS na palma da mão e a dominação das técnicas de larvicultura e engorda de diversas espécies fazem com que a sobrevivência utilizando métodos arcaicos de captura e gerenciamento pesqueiro chegue ao seu fim em breve. Assim, fortifica-se a cada dia a aqüicultura como a última alternativa de fornecer pescados adicionais para o mundo.

O empresariado brasileiro, que desta vez pouco aproveitou a excelente oportunidade de negócios, terá uma nova chance de participar deste evento. Dado ao tremendo sucesso da feira já é certo a realização do próximo Expopesca, evento que colocou a América Latina no mapa geoeconômico do mundo. Será em 1994, em Santiago do Chile. Parabenizamos a equipe da Feria Internacional de Santiago (FISA) e a equipe de Alejandro Milad pela organização de evento da maior relevância.

Philip C. Scott – Editor