FAO/UNDP ajuda cultivo de Camarões em Moçambique

Craig Emberson, é biólogo e consultor especialista em camarões marinhos, com passagem no Brasil de 83 a 84 onde atuou como consultor da FAO para a SUDEPE por conta dos empréstimos feitos pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento no treinamento de técnicos em carcinicultura marinha no Ceará.

No mês de julho passado, Emberson fez parte de uma missão técnica oficial da FAO/UNDP para avaliar o projeto piloto de cultivo de camarões marinhos em Moçambique e nos relata sua experiência.

DA PESCA A AQÜICULTURA

Para um país que obteve em 1988,40% de sua receita da pesca de camarão, e cujos estoques naturais de camarão caíram de 10.000 t em 1980 para as atuais 7.500 t em 1991, Moçambique, um dos países lusófonos da África, vem incentivando a aqüicultura para se recuperar desta situação. Tanto é que o governo de Moçambique só está liberando novas licenças de pesca de camarão para aqueles que se comprometem a construir fazendas de criação.

Maputo, cidade de colonização portuguesa com 900.000 habitantes, tem governo socialista desde 1975, ano no qual 200.000 portugueses emigraram, juntamente com as habilidades técnicas necessárias para sustentar as indústrias de exportação.

Hoje, a instabilidade política é um fato, e aventurar-se a mais de 30 km das cidade maiores é muito arriscado devido aos frequentes ataques do partido de oposição RENAMO. O atual governo reconhece que o limite máximo sustentável de captura de camarões já está próximo e precisa fazer algo. Desta forma, a exemplo de Madagascar que atrai investidores através de um projeto piloto, está buscando implantar a carcinicultura no país.

Assim, com o auxílio de imagens do satélite francês SPOT, nos 2.750 km de costa foram identificados 170.000 ha de áreas próprias para cultivo e destes 33.000 ha foram escolhidos por estarem num raio de 25 km das três principais cidades do pais Maputo, Beira e Quelimane.

PROJETO PILOTO

Inicialmente, a FAO enviou Marco Alvarez Galvez especialista equatoriano, para projetar a fazenda piloto iniciada em 1988 a 6 km de Maputo, na região da Costa do Sol. Durante os últimos 4 anos, Marco gerenciou e treinou uma equipe para a fazenda de 10 ha com expansão prevista para mais 10 ha. A fazenda possui 13 viveiros experimentais (1.200 – 2.000 m2) e.9 viveiros de produção ( 3.000 a 30.000 m2). Os custos de construção ficaram em torno de US$ 40 mil/ha. Devido a inexperiência e a falta de equipamento pesado, a fazenda necessitou de três anos para ficar pronta.

PRIMEIROS RESULTADOS

As cinco espécies locais de camarão são Metapenaeu5′ monoceros, Penaeus japonicus, P. indicus, P. semisulcatus, P.monodon. Os testes iniciais foram realizados com uma mistura destas espécies, mas os melhores resultados foram obtidos no monocultivo do P. monodon, importado de uma larvicultura da África do Sul, que alcançou 44% de sobrevivência no berçário e 58 % na engorda em 120 dias de cultivo numa densidade de estocagem de 3,5/m2 usando uma ração local.

Por conta da lei que exige projetos de cultivo dos interessados em obter novas licenças de pesca de camarões, um grupo francês já iniciou seu projeto piloto perto da cidade de Beira.