Por: Jomar Carvalho Filho
Editor da Panorama da AQÜICULTURA
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Produtores, especialistas, acadêmicos, indústria de insumos e prestadores de serviços se encontraram, de 7 a 10 de junho, no Centro de Convenções de Natal-RN, durante a VII FENACAM – Feira Nacional do Camarão, que trouxe esse ano para discussão o tema “Aquicultura: a alternativa para o aumento da produção de pescados no Brasil”. O sucesso das primeiras edições do evento, que eram voltadas exclusivamente para a carcinicultura, incentivou os organizadores a prestigiar também outros setores da aquicultura, com destaque para a piscicultura. A VII Fenacam mostrou-se como um evento muito abrangente, que englobou o VII Simpósio Internacional de Carcinicultura, o IV Simpósio Internacional de Aquicultura, a VII Feira Internacional de Serviços e Produtos para Aquicultura e o VII Festival Gastronômico de Frutos do Mar.
O VII Simpósio Internacional de Carcinicultura teve como tema central os “Avanços tecnológicos nos processos produtivos” e o IV Simpósio Internacional de Aquicultura, o tema “Avanços tecnológicos na produção de pós-larvas, alevinos e cultivo de peixes”. Foram quatro palestras diárias em cada um dos simpósios, que totalizaram 24 apresentações. Durante as tardes aconteceram mesas redondas e a apresentação de 47 trabalhos científicos.
Ainda não foi dessa vez que a Fenacam inovou, trazendo para a mesa de abertura do evento os representantes e as lideranças da aquicultura brasileira, dando-lhes o devido destaque e a oportunidade para repercutir suas conquistas e seus anseios, fato que certamente contribuiria para atrair um número ainda maior de participantes à solenidade. A exemplo dos anos anteriores, a concorrida mesa da plenária estava novamente repleta de políticos com direito a fala, um fato que inevitavelmente contribui para aumentar a frieza protocolar da cerimônia.
O ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, em viagem para a Ásia, foi representado na cerimônia de abertura por seu secretário de Infraestrutura e Fomento, José Claudenor “Zeca” Vermohlen, que também proferiu, no dia seguinte (8 de junho), a palestra “Ações do MPA em prol do desenvolvimento da Carcinicultura”. Na cerimônia de abertura Zeca Vermohlen aproveitou para chamar a atenção do setor produtivo para o fato de que é inadmissível que um aquicultor não seja afiliado a nenhuma associação. Lembrou que “um setor desorganizado não gera pauta reivindicatória, e quem não gera pauta política não gera as políticas públicas que o setor necessita”.
O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar de Paiva Rocha, recuperado do grave acidente que sofreu em agosto passado, foi calorosamente saudado na solenidade de abertura, momento em que, emocionado, reafirmou seu compromisso com o setor e se disse mais disposto do que nunca a continuar a sua luta pelo desenvolvimento do setor aquícola brasileiro.
Para Itamar “a aquicultura no Brasil sofre com entraves que continuam colocando de joelhos um setor que é da maior importância para o país”. Em sua opinião “a aquicultura ainda carece de uma política que aponte um norte para as ações governamentais, que defina um marco regulatório, e que incentive a realização de pesquisas e investimentos necessários ao seu desenvolvimento”. Itamar Rocha lembrou ainda que “apesar de deter excepcionais potencialidades para explorar a aquicultura, o Brasil produziu em 2008 apenas 290 mil toneladas de pescado, enquanto o resto do mundo produziu 66 milhões de toneladas, ou seja, o país produziu 0,42% da produção mundial”.
Otimista, Itamar afirmou que a recuperação da crise é uma realidade na carcinicultura brasileira. Estamos vivendo um momento importante, principalmente no Rio Grande do Norte. “O que esperamos agora é a volta da carcinicultura brasileira às exportações”. O estado potiguar é o que mais produz camarão em cativeiro em todo o Brasil, onde a atividade gera 16 mil empregos locais. Para este ano a expectativa de produção é de 30 mil toneladas de camarão em cativeiro o que representa 40% de toda a produção brasileira, prevista para chegar a 75 mil toneladas até dezembro, complementou o presidente da ABCC. Em todo o país, a criação de camarões em cativeiro emprega 40 mil pessoas.
Durante o evento o presidente da ABCC convocou uma reunião com todos os representantes das empresas produtoras de insumos, principalmente fabricantes de ração e produtores de pós-larvas e alevinos presentes na Feira. Itamar Rocha anunciou a sua disposição de ampliar a representatividade da ABCC, que fortalecida, também passaria a representar outros setores da aquicultura nacional. A idéia foi muito bem recebida, mas depende de recursos para que seja levada adiante, razão pela qual as empresas de insumos foram convocadas. A idéia é que seja repassado compulsoriamente para a ABCC um valor por cada quilo de ração vendida (sugeriu-se R$ 0,02/kg), ou pós-larva de camarão ou alevino de peixe vendido. Itamar disse esperar até agosto um acordo nesse sentido. Caso não seja estabelecido nenhum fundo, o presidente de ABCC promete deixar o cargo por considerar impossível representar um setor, sem recursos para deslocamentos, hospedagem, aluguel de sala, estrutura de apoio e outras despesas que isso exige. Segundo comentários, o principal receio das empresas de alimentos é que, de posse do valor repassado, será descortinado o real volume de venda de cada empresa o que, estrategicamente, não é interessante para nenhuma delas. Agora é aguardar pra ver o desfecho.
A FENACAM do próximo ano acontecerá simultaneamente ao WAS’2011, evento da World Aquaculture Society. A exemplo das edições anteriores, o maior evento de aquicultura mundial está sendo organizado para atender as demandas de informações e intercâmbio tecnológico, e certamente contribuirá mais uma vez para criar novas oportunidades para a atividade no Brasil. Em Natal, durante a FENACAM houve uma reunião do Comitê Organizador que entre outras providências, formou o Comitê Estudantil, que terá a frente Alexandre A. O. Santos, aluno doutorando da UNESP, de Jaboticabal. Segundo Ricardo Martino (presidente-eleito WAS) tudo será feito para que estudantes brasileiros e estrangeiros aproveitem ao máximo a presença das principais autoridades da aquicultura mundial que estarão no Brasil em junho do ano que vem. Segundo Wagner Valenti, presidente do programa científico do congresso, espera-se um total de 50 sessões técnicas durante o evento.
