Geraldo Bernardino é eleito novo presidente da Abraq durante o Simbraq 2004

O XIII Simpósio Brasileiro de Aqüicultura – Simbraq 2004 aconteceu nos dias 9 e 10 de agosto no Centro de Convenções Edson Queiroz, em Fortaleza no Ceará, com o objetivo de discutir a atual produção nacional de pescado oriundo da aqüicultura. Organizado pela Abraq – Associação Brasileira de Aqüicultura e, pela ABCC – Associação Brasileira de Criadores de Camarão, juntamente com a Aceaq – Associação Cearense de Aqüicultores Criadores de Camarão, a ACCC – Associação Cearense de Criadores de Camarão, a AEP/CE – Associação dos Engenheiros de Pesca do Ceará e, a Associação Norte Rio Grandense de Criadores de Camarão, o evento, tradicionalmente tido como um dos mais importantes do setor, atraiu um bom público.

A seção de abertura do Simbraq, contou com a presença do ministro José Fritsch, que convocou os participantes para uma semana de trabalhos com o intuito de discutir as conquistas, problemas e os possíveis rumos da atividade no País. Ao participar da abertura oficial do evento Fritsch falou sobre os programas de apoio e estratégias de desenvolvimento da aqüicultura nacional, linhas de crédito e potencial aqüícola do Nordeste, já que a região é responsável atualmente por 30% da produção aqüícola do Brasil.

Para uma platéia de técnicos e empresários o ministro falou da difícil relação entre a atividade e o meio ambiente, assinou parcerias com o Dnocs – Departamento Nacional de Obras Contra a Seca e, ao criticar a atitude norte-americana, firmou o posicionamento de apoio do governo federal aos carcinicultores brasileiros, com relação ao processo de dumping movido pelos Estados Unidos. Fritsch informou também que o governo está buscando novos mercados para as exportações nacionais de camarão e que, neste ano, mais de 70% do camarão brasileiro tem a Europa como destino.

Pela primeira vez na história da aqüicultura brasileira um Simbraq não contou com uma presença significativa dos acadêmicos. Ao contrário do que pensam alguns, não foi por boicote que este evento não contou com a apresentação maciça das pesquisas aqüícolas desenvolvidas por instituições e pesquisadores nacionais. O fato é que a Sociedade Brasileira de Aqüicultura e Biologia Aquática – Aquabio, criada a partir do “racha” do meio acadêmico, ocorrido durante as votações da diretoria da Abraq no Simbraq de 2002 realizado em Goiânia, já havia realizado o seu evento voltado para a comunidade científica, em maio último em Vitória-ES.

A pouca participação de determinadas regiões do Brasil no evento cearense, além de ter sido influenciada pelo evento de Goiânia, foi também determinada pela divulgação tardia da programação definitiva. O conhecimento prévio da programação é um dos fatores mais importantes para motivar a decisão de participação.

geraldaoGeraldo Bernardino foi eleito pela segunda vez o presidente da Abraq. Em seu curtíssimo, mas objetivo discurso de posse, Geraldão, como é carinhosamente chamado por nós, lembrou que vem acompanhando a Abraq desde o seu início, tendo sido um dos seus fundadores. Afirmou que o seu compromisso número um ao assumir desta vez a presidência da Associação é o de sentar com a diretoria da Aquabio, e tentar desenhar uma nova configuração, onde as duas entidades possam atuar juntas na representatividade do setor e, quem sabe, até voltar a fazer um único evento anual. “O momento é de parceria, e a primeira parceria que precisamos fazer é com o pessoal da Aquabio”, disse o novo presidente da Abraq.

 

Manaus foi a cidade escolhida para sediar o XIV Simbraq. Apesar de Geraldo Bernardino, ser uma pessoa de grande trânsito e aceitação no universo aqüícola brasileiro, a escolha desta cidade pode inviabilizar o acesso de muitos representantes de todo o País. Manaus não tem acesso rodoviário e as passagens aéreas não são nada baratas, especialmente para os que vivem nas Regiões Sul e Sudeste do País. Isso sem contar com as dificuldades habituais dos estudantes que, afinal, são presenças importantes na tradição dos Simbraqs.

Mesmo assim, a programação científica contou com palestras e posters sobre aspectos relacionados aos cultivos de algas, camarões, peixes de água doce, moluscos e rãs. Os trabalhos referentes ao cultivo de algas deram ênfase às microalgas de interesse para a carcinicultura marinha, bem como às macroalgas de importância comercial, especialmente a Gracilaria caudata e Hypneia musciformis. Com relação à carcinicultura, os aspectos de nutrição, densidades de estocagem, qualidade da água, enfermidades e impactos ambientais relacionados ao cultivo do Litopenaeus vannamei, foram os mais amplamente abordados. Embora aspectos relacionados ao cultivo de peixes redondos, curimatã, lambari e trairão tenham sido apresentados, os trabalhos com a tilápia dominaram o tema piscicultura, tendo sido abordadas principalmente, as questões nutricionais relacionadas à esta espécie. Apenas um trabalho sobre a ranicultura, referente à qualidade sensorial do patê de carne de rã, e outro sobre o histórico do cultivo da ostra do mangue Crassostrea rhizophorae, no Ceará foram apresentados. Todos os trabalhos presentes no Simpósio foram publicados em anais impressos, também disponíveis em CD.