Grupo de Trabalho em Camarões de Água Doce se reúne e traça diretrizes

Produtores, pesquisadores e extensionistas, totalizando 39 pessoas das cinco regiões do Brasil, participaram em Goiânia da reunião do GTCAD – Grupo de Trabalho em Camarões de Água Doce, realizada durante o último Simbraq, onde também duas associações de produtores capixabas se fizeram representar. A Associação dos Aqüicultores do Espírito Santo – AQUES e a Cooperativa dos Aqüicultores do Espírito Santo – CEAq, que opera uma planta de processamento com congelamento rápido e uma política de preços mínimos pagos à vista aos cooperados.

Segundo o Wagner Cotroni Valenti, professor da CAUNESP – Centro de Aqüicultura da UNESP, e ex- Coordenador do GTCAD, os produtores de Macrobrachium rosenbergii vêm explorando nichos específicos de mercado e, por isso mesmo, têm conseguido vender seus camarões a preços elevados, variando de R$ 8,00 a até R$ 50,00 o quilo. A falta do produto, porém, foi apontada na reunião como o principal problema para atender a mercados maiores, como o de exportação e dos grandes supermercados. O GTCAD acredita que há ainda uma demanda reprimida muito grande em mercados específicos que pagam melhores preços e citou como exemplo a existência de restaurantes especializados em camarão Macrobrachium, além de vários que oferecem regularmente pratos preparados com os camarões de água doce. Para exemplificar o desenvolvimento da atividade, foi citado também o fato recente onde pelo menos dois produtores obtiveram S.I.F – Serviço de Inspeção Federal para seus abatedouros frigoríficos.

Na opinião de Wagner Valenti, a carcinicultura de água doce no Brasil vem crescendo devagar, mas em bases sólidas. “Produtores que há dois anos tinham 0,5-1,0 ha de espelho d’água, agora possuem 2-3 ha e outros, que tinham 2 agora possuem 5 hectares”, diz entusiasmado.

A reunião tratou ainda da importância de se produzir camarões com qualidade, principalmente para evitar o amolecimento da carne (mushness). Técnicas de despesca e conservação, bem como equipamentos utilizados para isso, foram discutidos entre os participantes. Foi salientada também a importância de ensinar o consumidor a preparar o camarão, já que este é um fator inquestionável quanto ao sucesso do produto. Foram apresentadas estratégias que visam divulgar uma culinária específica e que estimulem o consumo do produto, entre elas a divulgação feita através do site do GTCAD (http://aquicultura.br/gtcad/) com instruções sobre a limpeza e receitas de preparo do produto, bem como o desenvolvimento de embalagens. Como este tópico é essencial para qualquer atividade produtiva, o GTCAD prometeu continuar se empenhando para levar ao produtor as informações corretas e atualizadas.

Representantes da comunidade científica reiteraram seu compromisso em focar suas pesquisas na solução dos principais problemas da produção e foram apresentadas novas tecnologias que permitem atingir produção de até 9.000 kg/ha/ano. Além disso, pesquisadores afirmaram que os estudos com a espécie nativa Macrobrachium amazonicum estão avançando rapidamente e prometeram que daqui a alguns anos serão disponibilizados livros e cartilhas para a produção dessa espécie.

Ficou estabelecido pelo Grupo que o fórum de contato entre os participantes será a home page do GTCAD onde novos “links” serão adicionados de modo a atender as necessidades de informação do setor. Pretende-se ainda que seja estudada a possibilidade de se criar um grupo de discussão “on line”. Da mesma forma, as associações se encarregarão de repassar material impresso para os produtores que não têm acesso à internet. Nas regiões onde a atividade está mais desenvolvida, serão criados núcleos de trabalho locais, formados por dois membros que repassarão as informações para a coordenação nacional. Inicialmente pretende-se instalar esses núcleos no Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Pará, Pernambuco e Ceará.

O Grupo aproveitou a ocasião para eleger sua nova coordenação, que ficou assim constituída: coordenador Maria Aldeíde da Costa Borges, proprietária de cinco hectares de viveiros no município de Prata em Minas Gerais, com frigorífico com SIF. Humberto Kerr de Andrade do Espírito Santo ocupa o cargo de vice-coordenador; tendo Marcel J. M. Santos ([email protected]) e Patrícia M. C. Moraes Riodades ([email protected]) como secretários.